Segundo despacho da Polícia Federal, João Carlos Lyra Pessoa de Melo era o encarregado de repassar propina para ex-governador de Pernambuco e candidato do PSB à Presidência
Reinaldo Azevedo - VEJA
Não faço juízo de valor, mas apenas constatação objetiva. É bem possível que a morte tenha livrado Eduardo Campos de uma pena bem mais severa: a morte da reputação em vida. O esquema a que se chega a partir da investigação de quem era o dono da aeronave na qual morreu, no dia 13 de gosto de 2014, parece apontar para coisa feia.
Segundo despacho da juíza Amanda Araújo, ao qual a Folha teve
acesso, João Carlos Lyra Pessoa de Melo — um dos presos da Operação
Turbulência e um dos proprietários da aeronave — era um dos repassadores
de propina para Campos e para o senador Fernando Bezerra (PSB-PE), que
nega tudo.
Está no documento:
“Ele [Pessoa de Melo] foi reconhecido pelos ex-empregados da Camargo Corrêa[…] como sendo a pessoa encarregada de entregar a propina devida por aquela empreiteira ao ex-governador Eduardo Campos e ao senador Fernando Bezerra Coelho em virtude das obras da Refinaria Abreu e Lima[…], e ainda se enfatiza que ele se apresentou formalmente como o único adquirente do avião”.
“Ele [Pessoa de Melo] foi reconhecido pelos ex-empregados da Camargo Corrêa[…] como sendo a pessoa encarregada de entregar a propina devida por aquela empreiteira ao ex-governador Eduardo Campos e ao senador Fernando Bezerra Coelho em virtude das obras da Refinaria Abreu e Lima[…], e ainda se enfatiza que ele se apresentou formalmente como o único adquirente do avião”.
O despacho
não específica o período. Segundo a PF, entre 2010 e 2014, a tramoia em
que Pessoa de Melo estava envolvido movimentou R$ 600 milhões.
Mais:
segundo dois delatores da Lava Jato, Roberto Trombeta e Rodrigo Morales,
ligados à OAS, era ele o contato da empreiteira com beneficiários de
propina do petrolão.
Só para
lembrar: a Policia suspeita que Paulo César Barros Morato, o outro
membro da possível quadrilha e que apareceu morto ontem (leia post),
repassou a Pessoa de Melo o dinheiro para a compra do avião. Barros
Morato era dono da empresa de fachada Câmara & Vasconcelos
Terraplenagem, com quem a OAS fechou um contrato de R$ 18,8 milhões para
obras de transposição do São Francisco.
Segundo a Polícia, a grana serviu para comprar o avião. Vem mais turbulência por aí. Podem esperar.
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