Vinicius Torres Freire - FSP
O preço do dólar em reais queima mais do que a gordura acumulada nos momentos mais intensos da crise política. Parece haver mesmo um exagero na outra direção.
É típico das instabilidades do país e, em segundo lugar, das possibilidades oferecidas pelo parque de diversões especulativas do grande mercado brasileiro. Ainda assim, está animado demais.
Registre-se antes de mais nada que o dólar chegou a custar até R$ 4,16
no terço final de janeiro deste ano. O preço então caiu, em parte porque
passou o feio pânico chinês e global de fevereiro, no que o barquinho
do Brasil seguiu ondas e marolas mundiais.
Em parte caiu também porque pareciam aumentar as chances de deposição de Dilma Rousseff.
Em junho, porém, o caso brasileiro pareceu excepcional, consideradas as moedas de países assemelhados, com quem costumamos andar de par nessas reviravoltas da finança do mundo.
O que houve? Isto é, se a pergunta tem alguma resposta, em se tratando de taxa de câmbio.
Nestes dias, era possível ouvir na praça gente falando de "melhoras de fundamentos" (economia pelo menos com desequilíbrios a menos). Mas não há "melhora de fundamentos". Melhora das contas externas, redução do deficit nas transações com o exterior? É notícia velha.
"Melhora de expectativas"? Sim, mas são poucas e podem se quebrar. O governo de Michel Temer tem um bom script de promessas de política econômica a ser encenado por bons atores (autoridades econômicas) ainda nos bastidores. Só.
Sim, é melhor do que a perspectiva anterior, de desastre quase certo. Porém, a "peça" da nova política econômica já havia sido anunciada.
Taxas de juros gordas? Já tínhamos. Talvez uma combinação de juros com perspectivas melhores venha alimentando a especulação no mercado futuro. Fluxo de entrada de dinheiro, capitais, "dólar", não há. No ano, estamos no vermelho.
Além do mais, o Banco Central vem desmontando sua posição no mercado de câmbio (que equivalia a uma tentativa de evitar maior desvalorização do real, os tais "swaps cambiais"). Talvez o valor dos "swaps" ainda seja alto demais (no trimestre, caiu de US$ 105 bilhões para US$ 62 bilhões).
O BC vai acelerar esse desmonte? Sob nova direção, insinuou que não vai meter a mão no câmbio. Mas não vai intervir nem para desmontar uma intervenção antiga? Pode-se dizer que há alguma vantagem no dólar "barato": redução da dívida das grandes empresas e a tradicional grande mãozinha no controle da inflação e na baixa dos juros.
Quanto ao comércio exterior, essas mexidas de curto prazo na taxa de câmbio não permitem que se diga grande coisa sobre o que se vai passar. No entanto, convém notar que as várias medidas do custo do trabalho no Brasil, "salário em dólar", estão com tendência de piora desde o início do ano (vem aumentando, cortesia de inflação e produtividade em baixa).
Não, câmbio não diz tudo sobre saldo comercial. Sim, o comércio mundial vai mal. Sim, nosso comércio exterior é pequeno em relação ao tamanho da economia e, enfim, a contribuição extra que o setor externo pode dar agora à economia talvez seja cadente. Mas, na ruína em que estamos, não convém desprezar décimos de PIB.
Em parte caiu também porque pareciam aumentar as chances de deposição de Dilma Rousseff.
Em junho, porém, o caso brasileiro pareceu excepcional, consideradas as moedas de países assemelhados, com quem costumamos andar de par nessas reviravoltas da finança do mundo.
O que houve? Isto é, se a pergunta tem alguma resposta, em se tratando de taxa de câmbio.
Nestes dias, era possível ouvir na praça gente falando de "melhoras de fundamentos" (economia pelo menos com desequilíbrios a menos). Mas não há "melhora de fundamentos". Melhora das contas externas, redução do deficit nas transações com o exterior? É notícia velha.
"Melhora de expectativas"? Sim, mas são poucas e podem se quebrar. O governo de Michel Temer tem um bom script de promessas de política econômica a ser encenado por bons atores (autoridades econômicas) ainda nos bastidores. Só.
Sim, é melhor do que a perspectiva anterior, de desastre quase certo. Porém, a "peça" da nova política econômica já havia sido anunciada.
Taxas de juros gordas? Já tínhamos. Talvez uma combinação de juros com perspectivas melhores venha alimentando a especulação no mercado futuro. Fluxo de entrada de dinheiro, capitais, "dólar", não há. No ano, estamos no vermelho.
Além do mais, o Banco Central vem desmontando sua posição no mercado de câmbio (que equivalia a uma tentativa de evitar maior desvalorização do real, os tais "swaps cambiais"). Talvez o valor dos "swaps" ainda seja alto demais (no trimestre, caiu de US$ 105 bilhões para US$ 62 bilhões).
O BC vai acelerar esse desmonte? Sob nova direção, insinuou que não vai meter a mão no câmbio. Mas não vai intervir nem para desmontar uma intervenção antiga? Pode-se dizer que há alguma vantagem no dólar "barato": redução da dívida das grandes empresas e a tradicional grande mãozinha no controle da inflação e na baixa dos juros.
Quanto ao comércio exterior, essas mexidas de curto prazo na taxa de câmbio não permitem que se diga grande coisa sobre o que se vai passar. No entanto, convém notar que as várias medidas do custo do trabalho no Brasil, "salário em dólar", estão com tendência de piora desde o início do ano (vem aumentando, cortesia de inflação e produtividade em baixa).
Não, câmbio não diz tudo sobre saldo comercial. Sim, o comércio mundial vai mal. Sim, nosso comércio exterior é pequeno em relação ao tamanho da economia e, enfim, a contribuição extra que o setor externo pode dar agora à economia talvez seja cadente. Mas, na ruína em que estamos, não convém desprezar décimos de PIB.
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