sábado, 2 de julho de 2016

Paes diz que governo do Rio não tem comando e pede 'vergonha na cara'
ALFREDO MERGULHÃO - FSP
Contrariado com o roubo de equipamentos de duas redes de TV alemãs, na manhã de sexta (1º), e com declarações do secretário estadual de saúde do Rio, que afirmou que os hospitais podem parar de funcionar durante a Olimpíada, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), elevou o tom das críticas contra o governo do Estado.
"Já está atrapalhando demais o Rio esse chororô. Agora está na hora de trabalhar. Confio no governador Dornelles e espero que ele coloque o secretariado para arregaçar as mangas e pare de tanto blá-blá-blá. É muita reclamação o dia inteiro", disse o prefeito, na manhã deste sábado (2), após reunião com sua equipe em um hotel na Barra da Tijuca.
"Assumam as responsabilidades, os recursos estão disponibilizados, o presidente Michel Temer ajudou, deveriam estar agradecendo, lambendo os beiços, e tocando a vida", afirmou Paes.
Equipamento ainda no contêiner
Equipamento das redes de TV alemãs ainda no contêinerDivulgação
Questionado sobre o impacto do assalto à equipe alemã na imagem do Rio, o prefeito lembrou que a segurança pública é responsabilidade do Estado e disse já ter feito o que pôde para ajudar o governo estadual.
"Está no limite, falta o mínimo de comando, não pode virar esse desmando no Rio. Não pode falar que é problema social porque problema social também tem em São Paulo e a gente não vê isso. Tem em Recife, em Belo Horizonte e a gente não vê isso. O que a gente espera das forças policiais do Estado é que elas cumpram suas obrigações."
Paes lembrou que o município assumiu dois hospitais estaduais e uma biblioteca e lançará na segunda-feira (4) o projeto de segurança Centro Presente, que prevê parceria com organizações privadas para aumentar o policiamento nas ruas da região central da cidade.
HOSPITAIS
O risco de interrupção no serviço estadual de saúde durante a Olimpíada também provocou reação do prefeito.
O secretário de Estado da saúde, Luiz Antônio Teixeira Junior, afirmou em entrevista ao jornal "O Globo" deste sábado (2) que o quadro atual é pior do que no mês de dezembro do ano passado, quando a rede entrou em colapso devido à crise financeira.
"Um absurdo um secretário dizer isso nessa altura do campeonato. Vá aprender a gerenciar, vá aprender a economizar custos", disse o prefeito, antes de dar como exemplo os dois hospitais estaduais cujo comando foi assumido pela prefeitura em janeiro deste ano.
"O Albert Schweitzer e o Rocha Faria custavam R$ 500 milhões e estamos pagando R$ 300 milhões. Se tiver vergonha na cara, capacidade gerencial e administração, vai resolver os problemas", afirmou.
Para o prefeito, o governo estadual não pode apenas culpar a crise pelos problemas e não fazer mais nada. "Não dá pro prefeito assumir a função do governador nem a prefeitura assumir o governo do Estado. Tudo tem limite. Se o secretário está dizendo que vai parar mais alguma coisa, pede o boné."
Paes sustentou que falta capacidade gerencial ao Estado e que a Olimpíada não pode ser responsabilizada pela crise do Rio, como o governador fez ao decretar estado de calamidade pública.
"Inventaram essa história de que [o decreto de calamidade pública] era por causa da Olimpíada, mas não fizeram nada na Olimpíada, não cumpriram com suas obrigações. A baía de Guanabara está poluída, as lagoas de Jacarepaguá estão poluídas, e vêm com essa conversa. Então está na hora de prestar serviço e atender a população."
Caminhão que transportava o equipamento recuperado pela Policia Civil
Caminhão que transportava o equipamento recuperado pela Polícia CivilDivulgação

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