Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Presidente interino, Michel Temer, dá posse à presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques |
Indicada para dar novo rumo a uma instituição que a oposição ao governo Dilma se acostumou a chamar de "caixa-preta", Maria Silvia Bastos Marques deu início a uma guinada estratégica no BNDES durante gestão de um ano.
Logo após assumir, suspendeu a liberação de US$ 4,7 bilhões a empresas investigadas pela Lava Jato, referentes a 25 contratos de financiamento à exportação de serviços, a maior parte para países das Américas do Sul e Central.
A decisão respondia à recomendação da AGU (Advocacia-Geral da União), mas também atendeu a críticas sobre o favorecimento das empreiteiras e de países alinhados com a política externa dos governos petistas.
A política para o segmento foi revista, e os contratos, reavaliados, considerando os impactos para o país e o risco do banco em cada projeto.
Marques defendeu um BNDES mais "seletivo" nos financiamentos e com um papel mais focado na coordenação do que na concessão de crédito para o novo programa de concessões elaborado pelo governo Temer.
Nesse sentido, reduziu os financiamentos reajustados pela TJLP (taxa de juros de longo prazo, mais baixa do que as cobradas pelo mercado), com o argumento de que é necessário atrair bancos privados para o crédito de longo prazo no país e liberar o dinheiro mais barato para projetos com viés de sustentabilidade ambiental e inovação.
O distanciamento com relação às políticas de seus antecessores se ampliou com a decisão de acabar com empréstimos-ponte concedidos a empresas enquanto o banco fazia a análise dos financiamentos de longo prazo e com a devolução antecipada de R$ 100 bilhões ao Tesouro.
As medidas geraram questionamentos sobre a capacidade do banco de continuar apoiando investimentos e críticas com relação a uma suposta redução no seu tamanho. "Não me preocupo com tamanho", já havia adiantado a executiva, em sua primeira entrevista à Folha ao assumir a função. Ela defendia que a marca de sua gestão seria a "eficácia" na concessão dos financiamentos.
A maior mudança foi promovida em março, quando o governo anunciou a substituição da TJLP (hoje em 7% ao ano) por uma nova taxa, chamada apenas de taxa de longo prazo (TLP) e com maior aderência aos juros cobrados pelo mercado nas negociações de títulos do Tesouro.
Nos últimos 15 dias, enfrentou sua maior crise, com a Operação Bullish e a delação dos donos da JBS, que acirrou um racha com os funcionários do banco.
Marques pregou serenidade e prometeu investigações, mas deixa o banco sem esclarecer as acusações sobre a "caixa-preta do BNDES" —em geral, mostrava-se desconfortável diante de perguntas e evitava menções à expressão.
Logo após assumir, suspendeu a liberação de US$ 4,7 bilhões a empresas investigadas pela Lava Jato, referentes a 25 contratos de financiamento à exportação de serviços, a maior parte para países das Américas do Sul e Central.
A decisão respondia à recomendação da AGU (Advocacia-Geral da União), mas também atendeu a críticas sobre o favorecimento das empreiteiras e de países alinhados com a política externa dos governos petistas.
A política para o segmento foi revista, e os contratos, reavaliados, considerando os impactos para o país e o risco do banco em cada projeto.
Marques defendeu um BNDES mais "seletivo" nos financiamentos e com um papel mais focado na coordenação do que na concessão de crédito para o novo programa de concessões elaborado pelo governo Temer.
Nesse sentido, reduziu os financiamentos reajustados pela TJLP (taxa de juros de longo prazo, mais baixa do que as cobradas pelo mercado), com o argumento de que é necessário atrair bancos privados para o crédito de longo prazo no país e liberar o dinheiro mais barato para projetos com viés de sustentabilidade ambiental e inovação.
O distanciamento com relação às políticas de seus antecessores se ampliou com a decisão de acabar com empréstimos-ponte concedidos a empresas enquanto o banco fazia a análise dos financiamentos de longo prazo e com a devolução antecipada de R$ 100 bilhões ao Tesouro.
As medidas geraram questionamentos sobre a capacidade do banco de continuar apoiando investimentos e críticas com relação a uma suposta redução no seu tamanho. "Não me preocupo com tamanho", já havia adiantado a executiva, em sua primeira entrevista à Folha ao assumir a função. Ela defendia que a marca de sua gestão seria a "eficácia" na concessão dos financiamentos.
A maior mudança foi promovida em março, quando o governo anunciou a substituição da TJLP (hoje em 7% ao ano) por uma nova taxa, chamada apenas de taxa de longo prazo (TLP) e com maior aderência aos juros cobrados pelo mercado nas negociações de títulos do Tesouro.
Nos últimos 15 dias, enfrentou sua maior crise, com a Operação Bullish e a delação dos donos da JBS, que acirrou um racha com os funcionários do banco.
Marques pregou serenidade e prometeu investigações, mas deixa o banco sem esclarecer as acusações sobre a "caixa-preta do BNDES" —em geral, mostrava-se desconfortável diante de perguntas e evitava menções à expressão.
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