Por que o ISIS atacou Manchester, Inglaterra?
Luis Alberto Villamarín Pulido - MSM
Nota da tradutora, Graça Salgueiro:
Essa entrevista foi realizada na manhã de 23 de maio, dia seguinte ao
ataque. Observe-se que, como expert em estratégia e defesa nacional com
décadas de serviço prestado ao Exército da Colômbia combatendo as FARC, o
Coronel Villamarín já descartava a ação do que a imprensa costuma
chamar de “lobo solitário”, afirmando que tratava-se de uma operação
calculada e que a bomba não era, de forma alguma, um artefato caseiro
que poderia ser feito por qualquer pessoa. Hoje, 24 de maio, a polícia
inglesa confirma tudo o que ele disse: o terrorista não era “amador”,
estava vinculado ao ISIS de quem recebeu treinamento e recebeu
orientação de profissional experiente para confeccionar a bomba.
*
Sem informação precisa e somente com dados gerais de intenções
latentes dos bandos terroristas, é improvável impedir a ocorrência de
fatos tão trágicos e lamentáveis como o ataque terrorista nos arredores
do Coliseu de Manchester na Inglaterra, no qual morreram 22 pessoas e há
mais de 50 feridos com gravidade, explicou em 23 de maio de 2017 em entrevista via Skype
desde Bogotá à jornalista María Alejandra Requena do programa Café CNN,
transmitido todos os dias desde Atlanta e Miami nos Estados Unidos pela
cadeia de televisão CNN em Espanhol.
Ante a pergunta de María Alejandra Requena sobre se há possibilidades
de neutralizar ações terroristas como esta, eu, Coronel Villamarín,
respondi:
É muito difícil neutralizar os terroristas, pois embora se
conheçam suas intenções e haja alerta permanente, enquanto não se tenham
indícios ou pistas específicas sobre a pessoa ou a célula que realiza a
ação criminal, o terrorista conta com uma vantagem que lhe permite agir
de surpresa.
Usualmente o que costuma ocorrer com analistas e opinadores do
tema é que, depois de ocorridos os fatos, pontificam sobre os
presumíveis erros e sobre o que poderia ter sido e não foi.
Talvez um dos desacertos dos organismos de segurança britânicos
foi não ter levado em conta que, durante o verão de 2016, ocorreu o
chamado Ramadan sangrento, no qual células do ISIS cometeram ações
terroristas em diversos lugares do mundo o qual demandava alerta máximo
para este ano, pois o Ramadan, ou mês sagrado da espiritualidade
islâmica, começa em quatro dias, em 27 de maio.
Ante a pergunta sobre se o autor material do ataque terrorista pôde ter agido sozinho ou faz parte de alguma célula, respondi:
Se o ISIS publicou na rede Telegram que o causador do ataque
terrorista em Manchester foi um de seus soldados, isto significa que
tratava-se de uma pessoa treinada e doutrinada para agir dessa maneira.
Não era um desequilibrado mal chamado lobo solitário que se radicalizou e
decidiu cometer este ato criminoso.
Há um erro crasso de interpretação nos meios de comunicação e em
alguns analistas que concebem a imagem dos mal chamados lobos solitários
como pessoas que agem sozinhas. Isso não é certo nem é possível dentro
de uma organização terrorista hierarquizada, com profunda fundamentação
religiosa extremista.
A captura de um provável cúmplice no ataque terrorista em
Manchester corrobora que o indivíduo fazia parte de uma célula, que
outras pessoas o ajudaram a conseguir os explosivos e os materiais para
fabricar a bomba, que por razões lógicas foi radicalizado por um iman ou
um líder religioso infiltrado em alguma mesquita européia, que o
sujeito fez o ritual de encomenda ao islam antes de perpetrar o ataque e
que, desafortunadamente, haverá outras ações terroristas do ISIS ou
Al-Qaeda em qualquer dos cinco continentes, pois essa é a metodologia da
jihad islâmica.
Também fui perguntado sobre o propósito do ataque terrorista em Manchester, ao que respondi:
Um dos propósitos desta ação terrorista era golpear sem nenhuma
misericórdia a juventude ocidental, em especial adolescentes ou
teenagers, amantes da música pop, vista pelo islam extremista como algo
satânico contrário à interpretação puritana da linha sunita salafista do
islam, que apadrinha a guerra santa ou jihad.
Assista também a entrevista em vídeo:
http://cnnespanol.cnn.com/video/cnnee-cafe-intvw-lusi-alberto-villamarin-seguridad-isis-se-atribuye-ataque-en-manchester/
http://www.luisvillamarin.com/
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