Reação avança
Há uma reação dentro do Congresso aos avanços da
Operação Lava-Jato que pode se ampliar no plenário do Supremo. O
julgamento sobre o foro privilegiado está parado no Congresso e na pauta
do STF o assunto ficou relegado a um plano secundário na próxima
semana.
Os áudios das conversas de Joesley Batista com Temer e
Aécio revelam que persiste a idéia de aprovar leis que limitem a atuação
do Ministério Público e da Polícia Federal, e pode haver recuos
importantes como no caso da prisão em segunda instância.
O
ministro Gilmar Mendes já anunciou em um de seus votos na 2 Turma que
está tendendo a rever sua posição, aderindo à proposta do ministro Dias
Toffoli de que a prisão só possa ser feita depois de passar pelo STJ.
Essa decisão mudaria a maioria no plenário.
Junto a tudo isso,
começa uma campanha contra o relator da Lava-Jato no STF, ministro Luis
Edson Fachin. Quando o jurista foi indicado pela presidente Dilma para a
vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria
precoce do ministro Joaquim Barbosa, estranhei que ele tenha se
anunciado partícipe de um grupo de “juristas que têm lado” na campanha
presidencial de 2010, em apoio à eleição de Dilma.
Juristas “que
têm lado” não deveriam estar no Supremo, aleguei então, inclusive por
que Fachin notabilizou-se por defender politicamente as ações do MST, o
que seria, na minha opinião, uma influência negativa nos seus
julgamentos no Supremo. Pois devo dizer que meus temores não se
justificaram, justamente no momento em que o relator da Lava-Jato no
Supremo está sendo acusado de atuar contra o presidente Michel Temer por
ser petista, ou comunista como muitos alegam devido à sua proximidade
anterior com os movimentos sociais como o MST.
Enquanto o
ministro Fachin tratava com rigor os acusados petistas, era visto pelo
outro lado como um justo, e como um traidor pela esquerda. Agora que
caíram na rede das investigações o presidente do PSDB, senador Aécio
Neves, e o presidente Michel Temer, Fachin é acusado de fazer parte de
uma suposta conspiração contra o governo do momento.
Pois Fachin,
a quem coube substituir o falecido ministro Teori Zavaschi na relatoria
da Lava-Jato através de um sorteio eletrônico, tem se comportado com
uma independência elogiável, e mantido o mesmo rigor de Zavascki, de
quem era amigo e com quem conversou muito sobre a Lava-Jato.
Embora
derrotado nas últimas decisões da 2 Turma, a mais emblemática a soltura
de José Dirceu, o relator dos processos, ministro Luiz Edson Fachin
demonstra com seus votos que não há nada de descabido na manutenção da
prisão preventiva de um condenado como Dirceu, seja pela multiplicidade
dos crimes de que é acusado, como ressaltou, seja pela gravidade da
atividade criminosa que tomou conta do Estado brasileiro, como afirmou o
ministro Celso de Mello, que forma a minoria naquela Turma do STF.
Justamente
por isso começam a querer puxar-lhe o tapete. Inventa-se que foi o
grupo JBS que financiou a campanha de relações públicas que contratou
para ganhar a guerra da imagem pública quando foi nomeado para o
Supremo. A atuação do diretor do grupo, Ricardo Saud, na aproximação com
os senadores é tida como uma suspeita a respeito da imparcialidade do
ministro, mas não há nada que indique uma troca de interesses nesse
caso, e nem as benesses do acordo de delação premiada partiram de
Fachin.
Ele homolou a delação no aspecto formal, e caberá à 2
Turma no final do processo, acatar ou não as negociações da
Procuradoria-Geral da República com os delatores da JBS. Há ainda a
intenção do presidente Temer de pedir ao Supremo que seu processo saia
da alçada de Fachin para outro ministro, pois seus advogados consideram
que ele não tem nada a ver com a Lava-Jato, de cujo processo Fachin é o
juiz natural.
A obstrução da Justiça em relação à operação "Lava
Jato", com o diálogo sobre o pagamento para que Eduardo Cunha e Lucio
Funaro fiquem calados na cadeia, é uma das razões alegadas, embora Temer
também seja acusado de corrupção ativa.
A manutenção do juízo
natural (prevenção) de Fachin para conduzir o caso tem conexão com
quatro casos que já estão sob sua relatoria na Lava Jato no Supremo
Tribunal Federal (STF).
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