Ministro da Defesa afirmou que presidente pretende responsabilizar envolvidos em atos de vandalismo e que pacificação justifica suspensão da medida
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O ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), escalado na quarta por Temer para anunciar a convocação dos militares, estava na reunião. Além dele e do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o encontro contou com a presença dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo).
Em pronunciamento após a revogação da medida, Jungmann afirmou que o governo vai se movimentar judicialmente para punir os envolvidos nos conflitos entre policiais e manifestantes. “Evidentemente, o senhor presidente decidiu acionar a Advocacia-Geral da União para que sejam feitas perícias em toda a Esplanada para que seja levado à Justiça e que os responsáveis venham a pagar pelos danos cometidos e responder penal e criminalmente por esses atos inaceitáveis no regime democrático”, declarou.
Na edição extra do Diário Oficial da União publicada exclusivamente para a revogação do decreto, Temer justifica a decisão de suspender o policiamento dos militares alegando que houve “a cessação dos atos de depredação e violência e o consequente restabelecimento da Lei e da Ordem no Distrito Federal”. No pronunciamento, o ministro leu uma fala do presidente, em que Michel Temer alega que “não há democracia sem ordem”.
O governo argumentou ontem que alguns ministérios estão vulneráveis por causa de depredações e por isso não revogou a medida ainda na quarta. Os prédios ficaram abertos e sem segurança, o que justificaria a permanência das Forças Armadas na vigilância contra saques e invasões.
O decreto, que previa o emprego dos militares no Distrito Federal até o dia 31 de maio, provocou reações imediatas no Congresso Nacional. O Palácio do Planalto pediu que os ministérios compilassem e reunissem imagens das câmeras de segurança mostrando os estragos para ajudar a defender a decisão de invocação das tropas militares. Essas imagens podem servir também para identificar e enquadrar criminalmente as pessoas responsáveis pela depredação.
O Planalto alegou que recorreu ao Exército e à Marinha porque a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não conseguiu controlar os manifestantes e conter o que considerou uma “barbárie”. Na Câmara, o anúncio de que as Forças Armadas tinham sido chamadas provocou bate-boca entre deputados e a sessão foi suspensa por 30 minutos. Opositores classificaram a medida como uma espécie de formalização do “estado de exceção”.
‘Grande Acerto’
Em entrevista à Rádio CBN, o ministro Raul Jungmann afirmou que foi um “grande acerto” a convocação dos militares para conter a manifestação. Ele reconhece a possibilidade de que o decreto seja revogado ainda nesta quinta-feira. “Se o comandante da área, general Ferreira Gomes, informar que estamos em tranquilidade, que não existe nenhum foco de resistência, que não existe possibilidade de retornar ao clima anterior, obviamente daremos a sugestão ao presidente que seja revogada”, afirmou o ministro.Segundo o ministro, a situação na Esplanada era “uma perda de controle progressiva”, defendendo a decisão. “Tínhamos incêndios em prédios de ministérios, servidores apavorados e encurralados dentro desses prédios, e tínhamos uma situação que estava fugindo do controle, não sei onde ia parar”, afirmou. Questionado se a PMDF estava preparada para conter os manifestantes, o ministro afirmou que a PM “fez o seu trabalho”, mas disse acreditar que “ela não conseguiu dar conta da violência e da quantidade de manifestantes violentos que lá estiveram”.
Rodrigo Maia
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, Jungmann afirmou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), era quem havia pedido a intervenção diante da violência dos manifestantes na Esplanada dos Ministérios. O anúncio, porém, parece ter criado um mal estar com o presidente da Casa, que afirmou ter pedido apoio da Força Nacional de Segurança Pública apenas para o entorno do prédio da Câmara. Jungmann disse que, na noite de quarta, ligou para Maia.
“Ele estava presidindo a sessão e ficou de conversar comigo”, explicou o ministro, que disse que, da sua parte, “não houve mentira nenhuma”. “Ao chegar no Palácio, a informação que eu tinha era que o presidente (da Câmara) tinha solicitado uma ação das Forças Armadas e, depois, o que se verificou é que ele tinha solicitado a Força Nacional de Segurança”, afirmou. Ainda de acordo com o ministro, a Força Nacional tinha “pouco mais de 100 homens”. “Era insuficiente para conter os atos de vandalismo.”
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