Ministro Edson Fachin tira ex-deputado Rocha Loures da prisão
Ele terá que cumprir medidas alternativas, como ficar recolhido em casa das 20h às 6h
André de Souza - O Globo
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou
que Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente Michel Temer, a
sair da prisão. Fachin converteu a prisão preventiva do ex-deputado em
medidas alternativas. Ele será obrigado a ficar em casa das 20h às 6h e
também nos fins de semana e feriados. Além disso, Fachin mandou avisar a
Polícia Federal para que ele seja solto e seja providenciada uma
tornozeleira eletrônica.
Rocha
Loures também não poderá manter contato com outros investigados, réus
ou testemunhas nos processos abertos contra ele. Não poderá deixar o
país, devendo entregar o passaporte. Também está obrigado a comparecer à
justiça sempre que chamado para para justificar suas atividade e manter
seu endereço atualizado.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou Rocha Loures
de ser o intermediário da propina paga pelo frigorífico JBS a Temer. Os
dois já foram denunciados por corrupção passiva. Rocha Loures estava
preso desde 3 de junho por ordem do próprio Fachin.
O ministro argumentou que, de lá para cá, o quadro mudou, não sendo
mais necessária a prisão. Isso porque, na última segunda-feira, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Temer e Rocha
Loures por corrupção passiva. Isso significa que a etapa da investigação
que poderia ser afetada caso ele continuasse solto já foi finalizada.
Fachin entende que as medidas alternativas são suficientes para a
garantia da ordem pública.
"À luz dessas circunstâncias, em face do transcurso de lapso temporal
e das alterações no panorama processual, se depreende mitigada a
possibilidade da reiteração delitiva", argumentou Fachin. Apesar de já
ter sido denunciado por corrupção, Rocha Loures reponde a outros
inquéritos nos quais é investigado por obstrução de justiça e
organização criminosa e nos quais ainda não houve denúncia de Janot.
Fachin usa outro argumento para soltar Rocha Loures: isonomia com os
investigados ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Andrea Neves,
irmã de Aécio, o primo deles, Frederico Pacheco, e o ex-assessor
parlamentar Mendherson Souza Lima tiveram a prisão domiciliar concedida
pela Primeira Turma do STF. Pela decisão de Fachin, Rocha Loures terá
que ficar em casa apenas durante a noite, e também nos fins de semana e
feriados.
Andrea, Frederico e Mendherson tiveram sua prisão preventiva
decretada pelo próprio Fachin. Depois, o processo deles foi para outro
ministro: Marco Aurélio Mello. A Primeira Turma do STF, da qual Marco
Aurélio faz parte, mas Fachin não, decidiu em 20 de junho mandá-los para
a prisão domiciliar.
"Nada obstante a solução dada pela respeitável decisão colegiada,
entendo que o atual momento processual vivenciado pelo aqui segregado
autoriza a adoção de providência semelhante, em homenagem ao tratamento
isonômico que deve inspirar a jurisdição, nos termos do art. 5º, caput,
da Constituição Federal", anotou Fachin.
DENÚNCIA
Loures foi denunciado pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, junto com Temer por
corrupção passiva. Segundo Janot, Temer usou Loures para receber R$ 500
mil de propina paga por Joesley Batista, dono da JBS, que firmou acordo
de delação premiada. O presidente e o empresário se reuniram no Palácio
do Jaburu, onde Temer mora, em 7 de março deste ano.
O encontro foi gravado por Joesley sem conhecimento do presidente. Na
reunião, Temer indicou Rocha Loures como homem de confiança.
Posteriormente, foi marcado um encontro entre o ex-deputado e o
executivo da JBS Ricardo Saud, quando o dinheiro foi repassado.
Janot solicitou ainda que o presidente seja condenado a pagar uma indenização por danos morais no valor de R$ 10 milhões, e Roacha Loures, de R$ 2 milhões.
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