STF solta Rocha Loures e iguala tratamento de outros investigados
MÔNICA BERGAMO/LETÍCIA CASADO - FSP
A informação foi antecipada pela colunista da Folha Mônica Bergamo.
Familiares de Loures, que foi preso após a delação da JBS, já haviam
feito nesta sexta-feira novo apelo para que o ministro Fachin decidisse
sobre pedido de transferência da carceragem da Polícia Federal, onde ele
está atualmente.
Visivelmente nervosos, afirmaram que todos os personagens que foram
encarcerados ou submetidos a algum tipo de punição após o acordo dos
irmãos Batista estão em condições diferentes da de Rocha Loures.
Em sua decisão, Fachin comparou a situação da prisão de Rocha Loures com
a de investigados ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), que
recentemente tiveram a prisão afrouxada.
Preso desde 3 de junho, Rocha Loures terá que cumprir medidas alternativas.
Fachin apresentou basicamente três argumentos para embasar sua decisão:
que Rocha Loures deve ter o mesmo tratamento dado a outros investigados;
que as medidas cautelares determinadas são suficientes para eliminar o
risco à reiteração criminosa; e que a denúncia contra ele está esperando
resposta da Câmara dos Deputados.
Em 20 de junho, a primeira turma do STF determinou que a irmã, Andrea
Neves, o primo, Frederico Pacheco, e o assessor parlamentar do senador
Zezé Perrella (PMDB-MG), Mendherson de Souza deveriam sair da cadeia
para cumprir prisão domiciliar.
"Impende examinar, ainda que sob percepção diversa desta relatoria, a
manutenção ou não da segregação em situações similares ou análogas
consoante pronunciamentos colegiados deste tribunal", afirma Fachin na
decisão sobre Rocha Loures.
Ele então cita o julgamento: "Nada obstante a solução dada pela
respeitável decisão colegiada, entendo que o atual momento processual
vivenciado pelo aqui segregado autoriza a adoção de providência
semelhante, em homenagem ao tratamento isonômico que deve inspirar a
jurisdição".
Ao tratar sobre a tramitação da denúncia na Câmara, o ministro afirma
que o processo contra Rocha Loures está alongado devido à necessidade
constitucional de que os deputados autorizem a abertura de ação penal.
No dia 26 de junho, a PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou
Rocha Loures e o presidente Michel Temer pelo crime de corrupção
passiva. Fachin enviou a denúncia para a Câmara apreciar.
De acordo com a PGR, Rocha Loures intermediou e Temer foi o destinatário
final de uma mala contendo propina de R$ 500 mil e de uma promessa de
outros R$ 38 milhões em vantagem indevida, ambas da empresa JBS.
Como a Câmara ainda vai apreciar a acusação, diz Fachin, Rocha Loures não deve ter a liberdade privada por tanto tempo.
"(...) A necessidade de se aguardar a autorização pela Câmara dos
Deputados implica em alongamento da prestação jurisdicional que, neste
momento, não merece ser suportada com a privação da liberdade", escreveu
o ministro.
O ministro impôs medidas cautelares alternativas ao ex-assessor.
Ele deverá cumprir recolhimento domiciliar noturno entre 20h e 6h e aos
sábados, domingos e feriados, quando usará tornozeleira eletrônica.
E também está proibido de manter contato com qualquer investigado, réu ou testemunha relacionadas à investigação.
Além disso, Rocha Loures não pode sair do país e deve entregar o
passaporte em 48 horas, além de ter que se apresentar à Justiça quando
requisitado.
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