Mata que é polícia
COLUNA CARLOS BRICKMANN
Há poucos dias, 26 de agosto, foi morto
o centésimo PM do Rio em 2017. São 13 assassínios de policiais por mês.
E o silêncio que se faz é atordoante, como se nada houvesse, como se PM
não fosse gente. Imagine se matassem cem juízes, cem garis, cem
religiosos. Haveria este silêncio?
Há 130 anos, em onze meses, Jack, o
Estripador, matou cinco prostitutas em Londres, cortando-lhes a
garganta. O assassino jamais foi identificado, mas a Inglaterra se
mobilizou para localizá-lo. E, 130 anos depois, seu nome ainda é
lembrado. Aqui, em oito meses morrem cem PMs – e não há qualquer
comoção, excetuando-se a das famílias e a de quem é consciente.
Polícia é essencial em qualquer parte
do mundo. Na Dinamarca, onde há educação de qualidade para todos, onde a
desigualdade social é minúscula, há polícia, e eficiente. Só no Brasil
se imagina que a Polícia, executora do monopólio estatal da força, pode
ser desprezada. Após a ditadura militar, em que a Polícia aceitou
gostosamente a permissão de atuar fora da lei, surgiu a crença de que os
policiais foram os culpados pela violência, pelas torturas. Foram; mas
houve também promotores que sabiam de tudo e se calaram, juízes
coniventes, jornalistas cúmplices. Só os policiais pagam? E nem são mais
os mesmos (que, dos velhos tempos, muitos passaram de vez para a vida
fora da lei, trabalhando como bicheiros ou milicianos ferozes).
Quando nossa vida corre risco, quem é que chamamos? O ladrão?
Detalhes
O seguro de vida para o policial que
expõe sua vida foi criado há pouco mais de 20 anos, pelo governador
Mário Covas. Antes, não existia. Colete à prova de balas? Existe, mas
não para todos. Um policial tem de esperar a volta do colega para pegar o
colete dele, sem tempo sequer para arejá-lo. E, para enfrentar o poder
de fogo dos bandidos, só armas nacionais, pequenas.
Como era, como é
Em 1983, ou 84, houve uma onda de
assaltos a passageiros de ônibus. O governador paulista Franco Montoro
determinou que PM fardado não pagasse passagem. A presença do policial
no ônibus afastou os bandidos. Na época, tinham medo. Hoje, o policial
esconde a farda fora do horário de trabalho. Não carrega seu crachá,
pois os criminosos o matam se souberem que é policial. Os bandidos
perderam o respeito. Não têm o que temer.
O crime e a pena
Lembra de Henrique Pizzolato, que foi
diretor do Banco do Brasil, fugiu para a Itália usando documentos falsos
com o nome do irmão falecido e foi condenado a 12 anos e 7 meses de
prisão por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro? Ele
começou a cumprir a pena em fevereiro de 2014, quando foi preso na
Itália (veio para o Brasil em outubro de 2015).
Faça as contas: 2014 mais 12 anos=2026,
certo? Errado: Pizzolato já está no regime semiaberto, que lhe foi
concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo. Dorme na
cadeia. De dia, vai trabalhar na rádio OK FM, como assistente de
programação, algo que jamais fez na vida. O salário é de R$ 1.800,00
mensais. Mas que fazer? A lei exige um emprego! A rádio pertence a seu
companheiro de cela, Luiz Estêvão, hoje também seu patrão.
Exclusividade
Não estranhe o caso de Pizzolato. Num
país onde Suzane Richthofen teve folga da prisão no Dia das Mães, que é
que se pode esperar?
Sexo é ciúme
A delação mais esperada no país, hoje, é
de um tipo diferente: tem, além da ladroeira, sexo, ciúmes, chifres,
brigas federais. O que se sabe: um captador de recursos teve um caso com
uma parlamentar federal casada. Houve belos hotéis, brigas com
arranhões, ciúmes ferozes, erros (o marido entendeu que o casamento
agora era aberto, e também andou escapulindo; a esposa não quis saber, e
por pouco não se cria uma crise – o Chifrudão).
Sexo é cultura
Nomes? Imagine! Este colunista adora
continuar vivo. Mas pitadas de cultura e pesquisa ajudam a chegar lá.
Comece por Jacques Offenbach, compositor de sucesso, francês nascido na
Alemanha, rei do can-can. E vá para Shakespeare, Julio Cesar,
no monumental discurso de Marco Antônio nos funerais de Cesar. Termina
aqui a parte cultural: o restante é briga feia de casal. Se a chefia não
enquadra marido e esposa, a coisa iria longe. O fato é que os chifres
doeram, mas pior seria perder os excelentes empregos.
E calou-se o sabiá
Recife, Praça N.S. do Carmo. Dia 25, a
caravana de Lula parou ali para um ato público. Mas, no lugar em que
queriam botar o palanque, havia uma palmeira imperial grande, de mais de
20 anos. Simples, não? Só montar o palanque ao lado. Mas o PT não
perdoou: cortou a árvore. Tudo (com fotos) em http://www.chumbogordo.com.br/14665-minha-terra-tinha-palmeiras-por-jose-paulo-cavalcanti-filho/.
Os sabiás que entrem no MST.
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