O maior prejudicado com a confusão é o governador paulista, Geraldo Alckmin.
O tucano, que ganhara bastante fôlego para consolidar-se como o nome do partido para o Planalto em 2018, talvez seja forçado a fazer o que não deseja: tomar o PSDB para si na convenção nacional de dezembro.
Até aqui, Alckmin agia olimpicamente. Apesar de sua preferência por Marconi Perillo à frente da sigla, inclusive com o trabalho de aliados em favor das costuras do governador goiano, o paulista cedeu tropas para Tasso armar sua postulação —notadamente o deputado Silvio Torres (SP).
Com um pé em cada canoa, Alckmin torcia por uma composição entre Perillo e Tasso. Antevendo a confusão, aliados do governador paulista vinham sugerindo a ele assumir a presidência do partido e emular o Aécio de 2013, que preparou sua campanha presidencial da cadeira da qual está licenciado.
Alckmin não deseja o arranjo, mas agora a pressão sobe com o novo embate entre Aécio e Tasso.
Ambos se estranham há meses, e desde que o mineiro caiu em desgraça na delação da JBS em maio, a relação azedou de vez. Quando Aécio recuperou seu mandato no plenário do Senado, mês passado, a primeira reação do cearense foi pedir sua renúncia da chefia do partido.
A posição de Tasso reforçou-se devido à pauta a que se apegou, a do desembarque do impopular governo Temer.
A ala jovem do partido o apoia. Perillo percebeu o apelo e, temendo ser carimbado como "candidato do Aécio", também defendeu a saída dos ministros tucanos —de forma organizada, naturalmente.
Enquanto isso, Tasso ganhou apoio público do decano do partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e de economistas insatisfeitos com o desgaste de imagem que a sigla carrega.
Segundo um deputado próximo a Aécio, ele está "incontrolável". Se a saída gradual do partido era uma agenda que podia ter sido deixada para trás, ele agora a coloca no centro das discussões.
Para Alckmin, é o pior dos mundos. Em vez de fortalecer sua posição, pode chegar à convenção tendo de evitar um cisma desastroso para suas pretensões. Será um mês bastante longo no tucanato.
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A direção nacionalQuem é quem na crise do PSDB
Tucanos graúdos disputam espaço dentro do partido em meio a racha
Aécio Neves
Presidente de direito do PSDB, licenciou-se, mas não renunciou ao comando do partido após denúncia da JBS, e nos bastidores mantém as articulações com o governo Temer
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Com apoio de Aécio, disputa a presidência do PSDB com discurso governista moderado; passou a defender um desembarque "educado" para conquistar Alckmin
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Assumiu interinamente a presidência do PSDB em maio e entrou em atrito com Aécio ao defender ostensivamente e com apoio dos cabeças-pretas o desembarque do governo
Geraldo Alckmin
Governador de São Paulo e provável candidato a presidente da República, tem boa relação com Tasso, com interesse em assumir ele próprio o PSDB no ano eleitoral
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Prefeito de São Paulo, perdeu força na disputa interna com Alckmin pela candidatura à Presidência e tem em Alberto Goldman seu maior desafeto no ninho tucano
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Senador paulista e amigo de Goldman, foi ministro de Temer e defende o governo com moderação; possível candidato a governador, ainda quer a Presidência
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Fernando Henrique Cardoso
Ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, é espécie de "voz da razão" no partido, próximo de Tasso e crítico ao governo Temer
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