quinta-feira, 9 de novembro de 2017
“Daqui de cima, no pavimento
superior, pela janela gradeada da Cadeia onde estou preso, vejo os
arredores da nossa indomável Vila sertaneja. O sol treme na vista,
reluzindo nas pedras mais próximas. Da terra agreste, espinhenta e
pedregosa, batida pelo Sol esbrazeado, parece desprender-se um sopro
ardente, que tanto pode ser o arquejo de gerações e gerações de
Cangaceiros, de rudes Beatos e Profetas, assassinados durante anos e
anos entre essas pedras selvagens, como pode ser a respiração dessa Fera
estranha, a Terra – esta Onça-Parda em cujo dorso habita a Raça
piolhosa dos homens. Pode ser, também, a respiração fogosa dessa outra
Fera, a Divindade, Onça-Malhada que é dona da Parda, e que, há milénios,
acicata a nossa Raça, puxando-a para o alto, para o Reino e para o Sol." Ariano Suassuna
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