Amenizando as perversidades por meio de figuras de linguagem
Walter Williams - IMB
Um
dos mais ardilosos truques criados pelos defensores de políticas socialistas
foi o de recorrer a expressões aparentemente nobres utilizadas para conferir
uma aura de legitimidade moral a atos essencialmente maléficos. Assim, confiscar a propriedade alheia e
espoliar o dinheiro de terceiros passou a ser chamado de "espalhar a riqueza", "redistribuir
a renda", "cuidar dos menos afortunados", e "atender aos desejos da maioria".
Façamos
um experimento mental para ver se você aprova um ato essencialmente criminoso.
Imagine
que haja várias viúvas já idosas em sua vizinhança. Elas não têm a aptidão física para fazer
faxina em suas casas, limpar suas janelas, cozinhar e efetuar outras tarefas
domésticas. Tampouco têm elas meios
financeiros para contratar alguém para ajudá-las.
Eis
uma pergunta que tenho até receio de fazer: você defenderia um decreto
governamental que obrigasse algum dos seus vizinhos a efetuar essas tarefas para
as viúvas?
Vou
ainda mais adiante: se a pessoa escolhida para obedecer a esse decreto
governamental se recusasse a fazê-lo, você apoiaria algum tipo de sanção a ela,
como multa, confisco de propriedade ou até mesmo encarceramento?
Tenho
a esperança de que a maioria das pessoas iria condenar este decreto
estatal. Elas concordariam que se trata
de uma espécie de escravidão — mais especificamente, do uso forçoso de uma
pessoa para servir aos propósitos de outra.
Agora,
será que haveria essa mesma condenação se, em vez de forçar seu vizinho a
realmente efetuar as tarefas domésticas para as viúvas, o governo apenas o
obrigasse a dar a elas uma determinada quantia monetária mensal? Desta maneira, as viúvas poderiam utilizar
esse dinheiro para contratar alguém para efetuar as tarefas domésticas. Por acaso este decreto governamental se
difere daquele que obriga alguém a realmente efetuar as tarefas domésticas?
Eu
diria que há muito pouca diferença entre os dois decretos. Mudou apenas o mecanismo da servidão. Em ambos
os casos, uma pessoa está sendo coercivamente usada para servir aos propósitos
de outra pessoa.
Tenho
quase certeza de que a maioria dos vizinhos iria querer ajudar essas
necessitadas viúvas. Mas também
desconfio fortemente que eles considerariam qualquer arranjo que colocasse uma
pessoa em uma posição semelhante à servidão algo profundamente ofensivo.
Por
outro lado, caso todos os moradores dessa vizinhança fossem igualmente obrigados
a dar esse dinheiro para o governo, que então o repassaria às viúvas, a
consciência deles poderia ficar mais amenizada.
Este mecanismo coletivo faz com que aquela vítima de escravidão se torne
agora invisível, mas não altera o fato de que há uma pessoa sendo forçosamente
usada para servir aos propósitos de outra.
Ser obrigado a dar dinheiro para o governo simplesmente oculta um ato
que, caso fosse praticado de maneira mais explícita, seria considerado
profundamente imoral e depravado.
É
por isso que o socialismo é maléfico.
Ele recorre a meios perversos — confisco e intimidação — para alcançar
objetivos que frequentemente são vistos como nobres. Você ajudar uma pessoa necessitada utilizando
o seu próprio dinheiro e os seus próprios bens é uma atitude extremamente
admirável e digna de louvor. Ajudar uma
pessoa necessitada utilizando coerção e espoliando a propriedade alheia é algo
perverso, imoral e digno de condenação.
Tragicamente,
grande parte dos ensinamentos em voga, propugnados desde as igrejas até as
salas de aula, defendem que o governo use uma pessoa para servir aos propósitos
de outra. Os defensores deste arranjo
não têm a honra e a coragem de chamá-lo pelo nome correto, e preferem apenas
dizer que ser trata de 'caridade' ou de uma 'função social'.
Alguns
argumentam que vivemos em uma democracia, e que, na democracia, a maioria
decide. Mas será que o mero consenso da
maioria faz com que atos que em outras circunstâncias seriam considerados
imorais passem a ser morais e perfeitamente aceitáveis? Em outras palavras, se os membros de uma
vizinhança fizessem uma votação e a maioria decidisse que um determinado membro
desta vizinhança — sob ameaça de punição — deveria efetuar as tarefas
domésticas das viúvas, tal votação tornaria todo este arranjo moral?
Chega
a ser inacreditável a quantidade de pessoas que ainda aceita o argumento de
que, se a vida é injusta, a solução é confiscar a propriedade das pessoas e dar
mais dinheiro e mais poder a políticos. É muita sensatez!
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