sexta-feira, 28 de março de 2014

Crédito direcionado a famílias e empresas
O Estado de S.Paulo
Entre janeiro e fevereiro, o estoque das operações de crédito aumentou 0,6%, de R$ 2,717 trilhões para R$ 2,733 trilhões, com crescimento de 14,7% nos últimos 12 meses, segundo o Banco Central. A evolução se deveu ao crédito direcionado (do BNDES, rural e imobiliário), que aumentou 1,8% no mês nas operações com pessoas físicas e 0,8% nos empréstimos às empresas. Em 12 meses, o crescimento foi de 32,1% e de 20,1%, respectivamente. Enquanto isso, o crédito com recursos livres subiu menos: 0,1% no mês e 7,2% em 12 meses, porcentuais, num caso, inferior à inflação e, no outro, próximo dela.
Há, em resumo, uma tendência de desaceleração da oferta de crédito, exceto em relação aos empréstimos direcionados (ou subsidiados), concedidos abaixo das taxas médias de mercado. Para as empresas, o custo médio dos empréstimos livres foi de 23,1% ao ano (+0,3 ponto porcentual em relação a janeiro), enquanto o dos empréstimos direcionados foi de 7,9% ao ano (-0,1% no mês).
A diferença entre operações livres e direcionadas torna-se mais acentuada no momento em que os custos financeiros aumentam por causa da elevação da taxa básica de juros - que passou do mínimo de 7,25% ao ano, em 2013, para 10,75% ao ano, em 2014, e tende a continuar subindo. Entre as linhas de crédito direcionado que mais se expandiram está a de financiamentos imobiliários, com aumento de 2% no mês e 33% em 12 meses.
No geral, estão em alta não só os juros cobrados pelos bancos, mas também os spreads (diferença entre as taxas de captação e de aplicação). No crédito livre, o spread nas operações com pessoas físicas atingiu, em fevereiro, 19,7 pontos porcentuais, enquanto no crédito direcionado o spread foi de apenas 2,9 pontos porcentuais.
A tendência de estabilização do volume das operações de crédito decorre da alta de juros, do nível já elevado de endividamento do consumidor e de um aumento do temor quanto ao comportamento da economia nos próximos seis meses. Esses fatores foram assinalados pela Sondagem de Expectativas do Consumidor, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, divulgada quarta-feira.
Em fevereiro, a relação entre o saldo de empréstimos e o Produto Interno Bruto (PIB) se manteve constante comparativamente a janeiro, em 55,8%. Esse porcentual superou em 2,4 pontos do PIB o de fevereiro de 2013, só não caindo por causa da incorporação dos juros aos estoques.

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