Harold Thibault - Le Monde
Michel Euler/ Pool/ EFE
Empresários franceses comemoram a assinatura de contratos no valor de 18 bilhões de euros após visita de presidente chinês a França. A maior parte dos contratos se referem a compras de equipamentos aéreos
Em tempos de alta do desemprego (mais de 32.400 pessoas procuravam emprego em fevereiro), o grande número de contratos anunciados na quarta-feira (26), no segundo dia da visita do presidente chinês Zi Jinping à França, traz um alívio. François Hollande comemorou a assinatura de cinquenta contratos por um montante de 18 bilhões de euros.
"Isso é emprego, é crescimento e (...) grandes perspectivas para os próximos anos", enfatizou o presidente francês.
O principal beneficiário dessa fortuna será o setor aeronáutico. A divisão de helicópteros da Airbus firmou um acordo com o grande conglomerado público Aviation Industry Corporation of China (AVIC) para o fornecimento de mil aparelhos EC175 – a um preço de catálogo de 5,8 bilhões de euros -, sendo que parte da produção será efetuada em território chinês.
A Airbus também conseguiu dos chineses que suas atividades na linha de montagem em Tianjin sejam prorrogadas em uma década, até 2026.
Nessa gigante cidade portuária, que fica a meia hora de trem de alta velocidade de Pequim, a Airbus monta boa parte dos aviões de corredor único A320 encomendados pelas companhias chinesas desde um acordo feito em 2005, pois os chineses impõem isso como condição indispensável para suas imensas encomendas.
O desbloqueio dos chineses
A fabricante de peças Safran, por sua vez, obteve um acordo para uma encomenda de 120 motores criados em colaboração com o AVIC, estrutura através da qual o Estado chinês controla a maior parte de sua indústria aeronáutica.E, mais importante, a Airbus assinou um acordo para a venda de 70 aparelhos por um montante superior a 7 bilhões de euros. A encomenda inclui 43 aviões de médio-curso A320 e 27 unidades do A330.
No caso dos aparelhos de longo-curso, trata-se mais de um desbloqueio por parte dos chineses. Pequim já havia anunciado essa compra no passado, suspendendo-a depois para pressionar a União Europeia, que pretendia impor às companhias estrangeiras que penetrassem em seu espaço aéreo o pagamento de um imposto sobre emissão de carbono.
Pressionada por todos os lados, Bruxelas afinal suspendeu temporariamente essa medida em abril de 2013, antes mesmo que ela fosse aplicada, e se diz disposta a uma espécie de concessão antes de um acordo final sobre a questão, em 2016, de forma que a parte chinesa considere ter conseguido o suficiente e que a Airbus possa reinserir as 27 unidades de A330 em suas encomendas.
Acordos menores no setor nuclear
Durante a visita, acordos menores foram firmados em outro pilar tradicional da cooperação econômica franco-chinesa, o setor nuclear. Luc Oursel, presidente da Areva, acordou com Sun Qin, presidente da China National Nuclear Corporation (CNNC), a continuidade das negociações sobre a abertura de uma usina de tratamento do combustível.Esse projeto, com capacidade de tratamento de 800 toneladas por ano, já havia sido tema de uma carta de intenção durante a visita de Hollande a Pequim, em abril de 2013.
A França percebeu a empolgação dos chineses por essa usina. Suas capacidades tecnológicas avançaram nitidamente no setor nuclear, e agora eles querem aprender a dominar todo ciclo.
Em compensação, eles ainda não parecem decididos a encomendar os aguardadíssimos terceiro e quarto reatores EPR em Taishan, ainda que o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault tenha lembrado em dezembro de 2013, durante uma visita à China, que "a França estava pronta para isso".
Agora os franceses viram que a encomenda só ocorrerá quando eles tiverem visto funcionando os dois primeiros reatores, que agora estão em processo de construção.
Além disso, os dois presidentes assistiram, na quarta-feira, à assinatura de um acordo definitivo sobre a entrada da montadora Dongfeng na PSA com até 14% do capital, em um investimento de 800 milhões de euros.
Por fim, os franceses estão comemorando os avanços em setores de cooperação mais novos, tais como a indústria alimentícia e o desenvolvimento sustentável.
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