Choe Sang Hun - NYT
Pan Yulong/Xinhua
28.mar.2014 - Soldados do Exército da China carregam urnas com os restos mortais de soldados chineses mortos na Guerra da Coreia (1950-1953), no aeroporto internacional de Shenyang, na província chinesa de Liaoning. A Coreia do Sul devolveu à China nesta sexta-feira (28) os restos mortais de 437 soldados
A Coreia do Sul repatriou na
sexta-feira (28) os restos mortais de 437 soldados chineses mortos
durante a Guerra da Coreia seis décadas atrás, fazendo um gesto
simbólico de estreitamento dos laços entre os dois países.
A China enviou um grande número de soldados para ajudar sua aliada comunista Coreia do Norte, que invadiu a Coreia do Sul em junho de 1950. Sua intervenção salvou o Norte, cujas forças foram forçadas a recuar para o canto norte do país pelas forças da ONU, lideradas pelos Estados Unidos, naquele ano. A guerra de três anos terminou em um cessar-fogo, deixando a dividida Península Coreana tecnicamente em um estado de guerra.
Com o passar dos anos, à medida que a Coreia do Sul descobria restos mortais de centenas de soldados comunistas em antigos locais de batalha, ela os mantinha em um cemitério temporário pouco conhecido, escondido, no norte de Seul, até recentemente conhecido como "o cemitério inimigo".
O fato de terem sido necessárias seis décadas para os soldados chineses mortos serem devolvidos para casa é testemunha do mal-estar político enraizado em uma guerra que, apesar de encerrada há muito tempo, nunca foi posta de lado formalmente.
Após aceitar os restos mortais de outro soldado chinês em 1997, a Coreia do Norte se recusou a aceitar mais, deixando os 437 soldados chineses presos em um impasse intercoreano.
Um avanço ocorreu em junho passado, quando a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, visitou a China para cultivar laços mais estreitos com Pequim. Ela ofereceu enviar os restos mortais dos soldados chineses para casa como um gesto de boa vontade, que Pequim apreciou.
"A repatriação ocorrida hoje será um marco para os dois países na cura do trauma do passado e no avanço para uma coprosperidade", disse o vice-ministro da Defesa sul-coreano, Baek Seung-joo, durante uma cerimônia realizada no Aeroporto Internacional de Incheon, a oeste de Seul.
Durante a cerimônia, o embaixador chinês, Qiu Guohong, colocou bandeiras chinesas sobre as caixas marrom-escuras contendo os restos mortais. Soldados chineses as embarcaram em um avião chinês, que as levou para o Cemitério de Resistência à América e Ajuda aos Mártires da Coreia, o local de descanso final dos mortos chineses na Guerra da Coreia, localizado em Shenyang, no nordeste da China.
Mesmo assim, a existência de restos mortais chineses, assim como o próprio "cemitério inimigo", chama pouca atenção na Coreia do Sul, apesar de alguns turistas chineses terem começado a visitá-lo nos últimos anos. Situado em uma encosta, ele é difícil de achar.
Agora que seus companheiros chineses se foram, os restos mortais de 770 soldados norte-coreanos permanecem encalhados no cemitério a poucos quilômetros ao sul da fronteira intercoreana, com seus túmulos abandonados emblemáticos das hostilidades não resolvidas da Guerra Fria que ainda dividem as Coreias. Todos os túmulos são voltados para o norte, olhando para casa, diferente da tradição coreana de alinhar os túmulos voltados para o sul.
Também enterrados lá estão dezenas de agentes norte-coreanos do pós-guerra, incluindo comandos mortos em um ataque malsucedido em 1968 contra o palácio presidencial em Seul, e um agente norte-coreano que se matou após plantar uma bomba em um avião de passageiros sul-coreano, que explodiu sobre Mianmar em 1987 com 115 pessoas a bordo.
Os corpos dos agentes não podem voltar para casa, porque o governo deles não reconheceu suas missões.
As estimativas do número de chineses mortos na guerra variam de 110 mil a mais de 400 mil.
A Coreia do Sul disse que continuará repatriando restos mortais de chineses se mais forem descobertos durante escavações nos locais de batalha, à procura de seus próprios mortos de guerra.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
A China enviou um grande número de soldados para ajudar sua aliada comunista Coreia do Norte, que invadiu a Coreia do Sul em junho de 1950. Sua intervenção salvou o Norte, cujas forças foram forçadas a recuar para o canto norte do país pelas forças da ONU, lideradas pelos Estados Unidos, naquele ano. A guerra de três anos terminou em um cessar-fogo, deixando a dividida Península Coreana tecnicamente em um estado de guerra.
Com o passar dos anos, à medida que a Coreia do Sul descobria restos mortais de centenas de soldados comunistas em antigos locais de batalha, ela os mantinha em um cemitério temporário pouco conhecido, escondido, no norte de Seul, até recentemente conhecido como "o cemitério inimigo".
O fato de terem sido necessárias seis décadas para os soldados chineses mortos serem devolvidos para casa é testemunha do mal-estar político enraizado em uma guerra que, apesar de encerrada há muito tempo, nunca foi posta de lado formalmente.
Impasse
Entre 1981 e 1989, a Coreia do Norte aceitou da Coreia do Sul os restos mortais de 42 soldados chineses e os entregou para Pequim. Mas ela nunca se dispôs a negociar o retorno de seus próprios soldados mortos. A aceitação de seu retorno seria vista como um gesto de encerramento da guerra, que a Coreia do Norte insiste que nunca terminará até que Washington assine um tratado de paz com ela.Após aceitar os restos mortais de outro soldado chinês em 1997, a Coreia do Norte se recusou a aceitar mais, deixando os 437 soldados chineses presos em um impasse intercoreano.
Um avanço ocorreu em junho passado, quando a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, visitou a China para cultivar laços mais estreitos com Pequim. Ela ofereceu enviar os restos mortais dos soldados chineses para casa como um gesto de boa vontade, que Pequim apreciou.
"A repatriação ocorrida hoje será um marco para os dois países na cura do trauma do passado e no avanço para uma coprosperidade", disse o vice-ministro da Defesa sul-coreano, Baek Seung-joo, durante uma cerimônia realizada no Aeroporto Internacional de Incheon, a oeste de Seul.
Durante a cerimônia, o embaixador chinês, Qiu Guohong, colocou bandeiras chinesas sobre as caixas marrom-escuras contendo os restos mortais. Soldados chineses as embarcaram em um avião chinês, que as levou para o Cemitério de Resistência à América e Ajuda aos Mártires da Coreia, o local de descanso final dos mortos chineses na Guerra da Coreia, localizado em Shenyang, no nordeste da China.
Corpos chamam pouca atenção
A China continua sendo a última grande aliada restante da Coreia do Norte, enquanto os Estados Unidos são os principais aliados militares da Coreia do Sul. Mas a China superou os Estados Unidos como maior parceira comercial da Coreia do Sul desde que normalizou suas relações com Seul em 1992. A cada ano, milhões de chineses visitam a Coreia do Sul como turistas.Mesmo assim, a existência de restos mortais chineses, assim como o próprio "cemitério inimigo", chama pouca atenção na Coreia do Sul, apesar de alguns turistas chineses terem começado a visitá-lo nos últimos anos. Situado em uma encosta, ele é difícil de achar.
Agora que seus companheiros chineses se foram, os restos mortais de 770 soldados norte-coreanos permanecem encalhados no cemitério a poucos quilômetros ao sul da fronteira intercoreana, com seus túmulos abandonados emblemáticos das hostilidades não resolvidas da Guerra Fria que ainda dividem as Coreias. Todos os túmulos são voltados para o norte, olhando para casa, diferente da tradição coreana de alinhar os túmulos voltados para o sul.
Também enterrados lá estão dezenas de agentes norte-coreanos do pós-guerra, incluindo comandos mortos em um ataque malsucedido em 1968 contra o palácio presidencial em Seul, e um agente norte-coreano que se matou após plantar uma bomba em um avião de passageiros sul-coreano, que explodiu sobre Mianmar em 1987 com 115 pessoas a bordo.
Os corpos dos agentes não podem voltar para casa, porque o governo deles não reconheceu suas missões.
As estimativas do número de chineses mortos na guerra variam de 110 mil a mais de 400 mil.
A Coreia do Sul disse que continuará repatriando restos mortais de chineses se mais forem descobertos durante escavações nos locais de batalha, à procura de seus próprios mortos de guerra.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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