Futuro terá carros circulando sem motoristas e até tratamento de doenças com 'robô comprimido'
Guillermo Altares - El País
Guillermo Altares - El País
Michael Rubenstein/SCIENCE/AAAS/AFP
Kilobots
(foto) trabalham de forma colaborativa no projeto da universidade de
Harvard, nos EUA; robôs são inspirados em insetos sociais como formigas e
abelhas
À primeira vista é difícil imaginar que por trás de pequenos robôs que se movem toscamente para se agrupar por cores está um experimento que poderá mudar a história da medicina. O futuro não é mais o que era, porque a ficção científica se esqueceu da internet. Entretanto, descreveu uma sociedade na qual os robôs fazem parte da vida cotidiana. Em todo o mundo se multiplicam as empresas e universidades com programas de robótica, e os avanços que conseguiram são extraordinários.
O objetivo dos grupos que acabamos de
descrever, chamados enxames porque seu modelo é o comportamento gregário
de alguns animais, vai do maior ao menor: desde permitir que máquinas
colaborem --como a circulação de milhares de carros sem motorista-- até
um futuro que os cientistas situam dentro de 20 ou 30 anos, quando
haverá robôs minúsculos que poderemos engolir e se unirão sozinhos
dentro de nosso corpo para nos operar.À primeira vista é difícil imaginar que por trás de pequenos robôs que se movem toscamente para se agrupar por cores está um experimento que poderá mudar a história da medicina. O futuro não é mais o que era, porque a ficção científica se esqueceu da internet. Entretanto, descreveu uma sociedade na qual os robôs fazem parte da vida cotidiana. Em todo o mundo se multiplicam as empresas e universidades com programas de robótica, e os avanços que conseguiram são extraordinários.
"Os humanoides capazes de fazer todo o nosso trabalho estão a muitos anos de distância. Se é que virão algum dia", explica Tony Prescot, diretor do Centro de Robótica de Sheffield, um dos institutos de ponta na Europa, que depende das duas universidades desta cidade no norte da Inglaterra. "Mas creio que os robôs são cada vez mais eficazes em pequenas tarefas muito importantes. Por exemplo, tenho certeza de que dentro de 50 anos ninguém conduzirá um carro."
No último fim de semana, dentro do encontro científico Festival of the Mind, este laboratório, no qual trabalham cerca de 150 pesquisadores, realizou duas demonstrações que permitiram entrever o incrível futuro desse campo e também seu presente.
Por trás de uma porta na qual se lê Laboratório de Interação entre Robôs e Humanos se esconde um boneco de pelúcia branco em forma de bebê foca, chamado Yoko: um robô Paro japonês que olha, responde a seu nome e a carícias. No laboratório, o objetivo é analisar as reações dos humanos ante os robôs, que vão desde o temor até a curiosidade.
"É uma pena que a ficção científica tenha oferecido uma imagem tão negativa dos robôs", explica Emily Collins, estudante de pós-graduação no centro de pesquisa e especialista nas relações entre robôs e humanos. "São como qualquer outro instrumento e têm aplicações muito importantes."
A utilidade do Paro na vida real? Como terapia para doentes de demência senil ou alzheimer, como animais de companhia sem os problemas que estes apresentam em um ambiente hospitalar. Outro robô, Zeno, com forma humana e uma grande capacidade de reproduzir gestos, parece um brinquedo sofisticado (e caro). Mas é utilizado para tratar crianças autistas.
Durante a mostra também se exibe um robô drone que, graças a um programa de reconhecimento facial, pode seguir uma pessoa. Há robôs com braços programados para segurar determinados objetos ou que aprendem sozinhos a parar diante de uma linha branca pintada a poucos metros de um muro, depois de ter-se chocado várias vezes com ele (servem para estudar os mecanismos neurais).
Em Sheffield também estão trabalhando em um robô que é uma mesa de hospital que responde à voz e que poderia atender ao chamado do paciente e lhe oferecer uma bandeja com comida. No entanto, o mais extraordinário é o aparentemente simples: os enxames. Harvard, que é quem fabrica esses aparelhos de 3 cm de largura chamados kilobots, conseguiu agrupar neste verão 1.000 robôs no maior movimento coletivo de máquinas realizado até hoje.
Sheffield é o centro que tem mais kilobots --900-- depois da universidade americana. Roderich Gross, o responsável por esse projeto, explica: "Podem-se agrupar robôs sem memória e sem computação. Com sensores e infravermelhos que lhes dizem se há um robô próximo ou não". O professor Gross explica que a ideia é imitar a natureza, as formações que criam as revoadas de pássaros ou os montículos que constroem os cupins, nas quais a soma de decisões muito simples de muitos indivíduos chega a produzir estruturas complexas.
Dentro do mesmo laboratório, o espanhol Juan A. Escalera desenvolveu alguns robôs que se unem e trocam energia, outra das chaves para esse futuro no qual engoliremos um comprimido robô para nos curarmos. O laboratório da Universidade de Sheffield parece vazio porque a maioria dos robôs foi transferida para sua exposição. Solitário, como um personagem de "Inteligência Artificial", está o Icub, um robô humanoide criado em Gênova e que faz parte de um projeto europeu no qual também trabalha a Universidade Pompeu Fabra. Atualmente há cerca de 30 Icubs no mundo e cada um custa 250 mil euros.
"Nós utilizamos o robô não como um fim em si, mas para entender como funciona a mente; como uma ferramenta para compreender a arquitetura das emoções e as percepções", explica de Barcelona Paul Verschure, diretor do Specs, o grupo de trabalho em inteligência artificial da Pompeu Fabra.
Tony Prescot afirma que o objetivo de seu grupo de trabalho é que consiga ter consciência de seu corpo, reconhecer objetos com os dedos, ter sensibilidade na pele. Também se está trabalhando na construção de uma memória autobiográfica --conseguiram-se avanços em Lyon-- e no estudo de como aprendemos uma língua.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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