As perspectivas para 2015 não são alentadoras
O Estado de S.Paulo
Ainda não se completou a avaliação do
comportamento da economia em 2014, e as perspectivas para 2015 já se
mostram sombrias. O comércio, por exemplo, um dos setores que mais
cresceram na última década, encara 2015 com "certo pessimismo", segundo a
Fecomercio-SP. O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF),
calculado pela entidade, teve o pior desempenho da série histórica. Não
se espera reversão do quadro em 2015. Falta confiança a consumidores e
empresários - e esta depende de que ajustes na economia sejam anunciados
e realizados.
A Fecomercio estima que a inflação
oficial (IPCA) feche o ano em 6,5%, o que é ruim para o consumo. E a
projeção de que caia para 6% em 2015 não parece realista, pois pressões
virão de um possível aumento da carga tributária (IPI e Cide), além dos
reajustes de preços administrados, como o da energia elétrica. A maior
desvalorização do real também tem efeitos inflacionários: estima-se que a
taxa do dólar seja de R$ 2,60 ao fim de 2015. Previsões cambiais são
arriscadas, mas não faltam analistas prevendo que a taxa de câmbio
atinja R$ 2,70 a R$ 2,80 no final do ano que vem.
A taxa
básica de juros, hoje em 11,75%, se estabilizaria em 12%, prevê a
Fecomercio. Mas isso depende do comportamento da inflação. De qualquer
forma, juros altos e restrição de crédito afetam o varejo. E, se as
operações de crédito com recursos livres devem crescer 5% em 2014, o
ritmo deve cair para zero em 2015. Não há consenso sobre a evolução do
PIB: a Fecomercio prevê uma alta de 0,5%, em 2014, acima do 0,18%
previsto no boletim Focus, do Banco Central. Em 2015, a expansão do PIB
seria de 0,8%, segundo o governo, e de 1%, segundo a entidade.
Em
resumo, 2015 deverá ser um ano de transição, com indicadores
macroeconômicos semelhantes aos de 2014. E isso indica que os
consumidores devem seguir com cautela, evitando novas dívidas.
A
única boa notícia é a queda gradativa da inadimplência: a proporção das
famílias endividadas deve cair de 54,7%, em janeiro, para 44%, neste
mês; e o porcentual de famílias com contas em atraso tende a recuar de
14,8% para 12,5%.
As contratações de mão de obra no varejo
devem permanecer em "ritmo lento". Em 2013, o melhor desempenho das
vendas propiciou aumento de 1,1% no total de empregados, mas a projeção
para 2014 é de 0,7%. E, se a taxa do varejo for semelhante à do setor de
serviços em geral, o quadro tende a se agravar.
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