Le Monde
EPA
O presidente da Turquia, Recep Erdogan
Ele não esperou nem 24 horas para responder. Criticado após uma onda de
prisões entre jornalistas de oposição de seu país, o presidente turco,
Recep Tayyip Erdogan, respondeu à União Europeia, na segunda-feira (15),
em declarações transmitidas pela TV:
"A União Europeia não pode interferir em medidas tomadas (...) em um
contexto legal, contra elementos que ameaçam nossa segurança nacional.
(...) Eles que cuidem de seus próprios assuntos.""Eles exigem liberdade de imprensa, mas [as buscas] não têm nada a ver com isso. O que a UE poderia dizer não nos preocupa, não estamos preocupados se a União Europeia vai nos aceitar como membro ou não. Por favor, guarde sua sabedoria para si."
No domingo (14), a polícia turca prendeu Ekrem Dumanli, editor de um dos principais jornais do país, além de Zaman, presidente do canal de TV Samanyolu, e 23 outras pessoas em 13 cidades do país. Mandados de prisão foram emitidos contra 32 pessoas, que foram acusadas de "formar uma gangue para atentar contra a soberania do Estado", entre outros.
Na segunda-feira, Recep Tayyip Erdogan disse que essas prisões eram uma resposta "necessária" a "manobras baixas". Essa onda de prisões marca uma escalada na briga entre o presidente Recep Tayyip Erdogan e seu grande rival, o pregador islâmico Fethullah Gülen, próximo de Zaman.
Murad Sezer/Reuters
"Um governo golpista"
Bruxelas se manifestou no domingo à noite, declarando que essas prisões eram contrárias aos "valores europeus", sendo que a Turquia pretende se juntar à União Europeia. Os Estados Unidos também exortaram seu aliado dentro da Otan a respeitar a liberdade de imprensa, a independência da Justiça e seus "alicerces democráticos".Na Turquia, Kemal Kilicdaroglu, líder do principal partido laico de oposição, o CHP, denunciou "um governo golpista" e disse que "um golpe de Estado contra a democracia está em andamento".
Recentemente, Erdogan havia prometido perseguir "até dentro de seus covis" os partidários de Fethullah Gülen, que ele chama de "terroristas" e "traidores". O pregador, exilado desde 1999 nos Estados Unidos e com muitos seguidores na Turquia, é um antigo aliado de Erdogan, com quem agora se encontra em conflito aberto.
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