domingo, 14 de dezembro de 2014

Opep não cortará produção mesmo com petróleo em queda
Produtores já consideram possível recuo da cotação para US$ 40
 
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não vai reduzir a produção mesmo que os preços da commodity caiam para até US$ 40 o barril. Também está decidido que vai esperar ao menos três meses antes de considerar um encontro de emergência, afirmou Suhail al-Mazrouei, ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos.
A entidade não mudará de imediato a decisão tomada em 27 de novembro, que mantém a meta de produção de 30 milhões de barris de petróleo por dia, continuou o ministro. A Venezuela defende reunião da Opep devido à queda de preço da commodity no mercado internacional, embora o país não tenha feito solicitação oficial. O próximo encontro do grupo está marcado para 5 de junho de 2015.
— Nós não vamos mudar nosso pensamento porque os preços caíram para US$ 60 ou para US$ 40 — disse al-Mazrouei à Bloomberg em uma conferência em Dubai. — Não estamos definindo um preço; o mercado irá se estabilizar.
Para o ministro, as condições atuais não justificam a realização de encontro extraordinário da Opep. Ele afirma que é preciso esperar “ao menos um trimestre” para considerar uma reunião de urgência.
Produção acima do previsto 
Os 12 países membros da Opep produziram 30,56 milhões de barris por dia mês passado, superando a meta do grupo pelo sexto mês consecutivo, segundo dados compilados pela Bloomberg. Arábia Saudita, Iraque e Kuwait ampliaram descontos este mês em embarques para a Ásia, alimentando especulações de que estão brigando por participação de mercado em meio a um excesso de oferta motivado pela crescente produção de gás não convencional (shale gas) nos EUA. A organização responde por 40% do petróleo mundial.
O petróleo do tipo Brent, referência de preço para mais da metade do mercado mundial, caiu 2,9% na última sexta-feira, chegando a US$ 61,85 por barril, em Londres, o menor valor desde julho de 2009. A perda chega a 20% desde o dia 26 de novembro, véspera da data em que a Opep decidiu manter a produção.
Os Emirados Árabes Unidos não foram informados de planos de realização de encontro de emergência, afirmou al-Mazrouei. Perguntado sobre o assunto, o secretário-geral da Opep, Abdalla el-Badri, respondeu que “não se sabe”.
Um aumento de aproximadamente seis milhões de barris por dia na produção não vinculada à Opep, combinada com a especulação nos mercados de petróleo, acionou a recente queda nos preços, explicou el-Bradi, sem especificar períodos em que houve alta de produção em grupos como Estados Unidos e Rússia. Os preços vão recuar em breve devido a mudanças no ciclo econômico global, afirmou ele.
— Não teremos uma visão clara sobre os preços do petróleo até o fim do primeiro semestre de 2015 — ponderou el-Bradi, dizendo que a estabilização de preços deve ocorrer apenas no segundo semestre, quando a Opep estará mais convicta sobre quais medidas seriam necessárias.
A Opep manteve sua meta sem alteração no mês passado porque o grupo não estava seguro de que um corte de um a 1,5 milhão de barris por dia impulsionaria o preço do petróleo, explicou o secretário-geral da organização. Ao mesmo tempo, o grupo não buscava pressionar EUA e Rússia ao manter a produção:
— Nossa previsão é que depois de 2020, a indústria do petróleo americana vai cair devido às baixas reservas do país. Os EUA não se tornarão autossuficientes, e continuarão a depender da produção do Oriente Médio.

Nenhum comentário: