Opep não cortará produção mesmo com petróleo em queda
Produtores já consideram possível recuo da cotação para US$ 40
Bloomberg News/ O Globo
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não vai
reduzir a produção mesmo que os preços da commodity caiam para até US$
40 o barril. Também está decidido que vai esperar ao menos três meses
antes de considerar um encontro de emergência, afirmou Suhail
al-Mazrouei, ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos.
A entidade não mudará de imediato a decisão tomada em 27 de novembro,
que mantém a meta de produção de 30 milhões de barris de petróleo por
dia, continuou o ministro. A Venezuela defende reunião da Opep devido à
queda de preço da commodity no mercado internacional, embora o país não
tenha feito solicitação oficial. O próximo encontro do grupo está
marcado para 5 de junho de 2015.
—
Nós não vamos mudar nosso pensamento porque os preços caíram para US$
60 ou para US$ 40 — disse al-Mazrouei à Bloomberg em uma conferência em
Dubai. — Não estamos definindo um preço; o mercado irá se estabilizar.
Para o ministro, as condições atuais não justificam a realização de
encontro extraordinário da Opep. Ele afirma que é preciso esperar “ao
menos um trimestre” para considerar uma reunião de urgência.
Produção acima do previsto
Os
12 países membros da Opep produziram 30,56 milhões de barris por dia
mês passado, superando a meta do grupo pelo sexto mês consecutivo,
segundo dados compilados pela Bloomberg. Arábia Saudita, Iraque e Kuwait
ampliaram descontos este mês em embarques para a Ásia, alimentando
especulações de que estão brigando por participação de mercado em meio a
um excesso de oferta motivado pela crescente produção de gás não
convencional (shale gas) nos EUA. A organização responde por 40% do
petróleo mundial.
O petróleo do tipo Brent, referência de preço para mais da metade do
mercado mundial, caiu 2,9% na última sexta-feira, chegando a US$ 61,85
por barril, em Londres, o menor valor desde julho de 2009. A perda chega
a 20% desde o dia 26 de novembro, véspera da data em que a Opep decidiu
manter a produção.
Os Emirados Árabes Unidos não foram informados de planos de
realização de encontro de emergência, afirmou al-Mazrouei. Perguntado
sobre o assunto, o secretário-geral da Opep, Abdalla el-Badri, respondeu
que “não se sabe”.
Um aumento de aproximadamente seis milhões de barris por dia na
produção não vinculada à Opep, combinada com a especulação nos mercados
de petróleo, acionou a recente queda nos preços, explicou el-Bradi, sem
especificar períodos em que houve alta de produção em grupos como
Estados Unidos e Rússia. Os preços vão recuar em breve devido a mudanças
no ciclo econômico global, afirmou ele.
— Não teremos uma visão clara sobre os preços do petróleo até o fim
do primeiro semestre de 2015 — ponderou el-Bradi, dizendo que a
estabilização de preços deve ocorrer apenas no segundo semestre, quando a
Opep estará mais convicta sobre quais medidas seriam necessárias.
A Opep manteve sua meta sem alteração no mês passado porque o grupo
não estava seguro de que um corte de um a 1,5 milhão de barris por dia
impulsionaria o preço do petróleo, explicou o secretário-geral da
organização. Ao mesmo tempo, o grupo não buscava pressionar EUA e Rússia
ao manter a produção:
— Nossa previsão é que depois de 2020, a indústria do petróleo
americana vai cair devido às baixas reservas do país. Os EUA não se
tornarão autossuficientes, e continuarão a depender da produção do
Oriente Médio.
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