Eu tive uma tremenda queda dos eletrólitos no sangue (Sódio, Potássio, Cálcio, Magnésio, Cloreto, Fosfato de Hidrogênio, Carbonato de Hidrogênio...) tão acentuada que eles pensaram que eu fosse morrer. Aliás,
o Sódio praticamente inexistia e seria mais normal eu ter tido um ataque cardíaco fulminante.
Não sei qual a razão de, ao invés de ter o ataque cardíaco, eu tive uma convulsão e apaguei.
Acordei (?) amarrado a uma cama de hospital e quando recobrei (?) minha consciência os enfermeiros me desamarraram conversei com o Dr. Vinícius (meu ex-aluno), Diretor Clínico e Chefe da U.T.I. adulto do hospital da UNIMED de Araçatuba. Iria ficar internado lá. Eu tentei me levantar para ir ao banheiro. Advinha? Caí.
Fui colocado novamente na cama com aquelas grades levantadas, recebi no pulso além da etiqueta com a minha identificação uma outra, vermelha com letras estampadas em branco: "Risco de Queda". Fui sedado e fiquei nesse estado por longos e terríveis cinco dias.
Numa situação como essa, a U.T.I. parece o Inferno descrito por Dante: uma sala iluminada (às vezes, na hora de ministrar as drogas) meio escura com quase todas as lâmpadas apagadas (permanecendo acesas apenas aquelas que serviam a mesa dos enfermeiros.
Grogue pelos comprimidos "amansa louco" não conseguia sair da cama, dormia bastante. Quando acordava mantinha uma certa lucidez. Alimentava-me sozinho (café da manhã, almoço, café da tarde e jantar). A comida, bem, era de hospital, no almoço e jantar limitava-me a comer a carne, o legume refogado e a gelatina (ou pudim). Não gosto de arroz, o feijão era pura água... Um dia nem a carne virou: um bolinho com um formato sugestivo tão duro que eu quebrei o garfo de plástico em três pedaços.
Comia os pacotinhos (três) de açúcar para ter mais energia. Perdi nessa época alguns quilos.
Tomava oito comprimidos (para controlar a pressão arterial, vitaminas e calmantes)a cada doze horas.
Enquanto isso, tomava litros de soro para repor os eletrólitos e muitos de antibiótico (tive um princípio de pneumonia). As minha veias não aguentaram e eu fiquei bem machucado (estou tratando delas até o presente).
Coletar sangue era um drama: após a coleta enormes hematomas surgiam (a parte inferior do meu braço esquerdo ficou preta, já o braço direito ficou com grandes manchas pretas). Até hoje passo Hirudoid 5 mg/g.
No momento em que a dose dos calmantes diminuiu a coisa piorou: estava lúcido mas não conseguia levantar-me da cama (os enfermeiros não deixavam).
Percebi que ao meu lado existiam outras pessoas (pacientes) e que estávamos separados apenas por espessas cortinas de modo que um não via o outro.
Uns pacientes gemiam, outros falavam alto (tinha até um veterano da guerra (acho que da II GM) que queria ir com um enfermeiro para um puteiro de outrora para que ele conhecesse uma determinada mulher.
Recebi durante esse período o tratamento e a gentileza do Dr. Marcus Vinícius (Neurologia).
Um dia eu aproveitei a visita do Dr. Vinícius (o chefe da U.T.I.) e disse que eu estava entrando em depressão e precisava sair daquele ambiente. Um dia depois eu fui para um lugar melhor.
(continua)
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