Julie Hirschfeld Davis - NYT
Saul Loeb/AP
O presidente Barack Obama disse em uma entrevista de rádio que Donald Trump, o candidato que lidera a corrida pela indicação presidencial republicana, está explorando o ressentimento e as ansiedades dos homens da classe trabalhadora para fortalecer sua campanha. Obama também argumentou que parte do desprezo direcionado a ele pessoalmente deriva do fato de ele ser o primeiro afro-americano a ocupar a Casa Branca.
Saul Loeb/AP
O presidente Barack Obama disse em uma entrevista de rádio que Donald Trump, o candidato que lidera a corrida pela indicação presidencial republicana, está explorando o ressentimento e as ansiedades dos homens da classe trabalhadora para fortalecer sua campanha. Obama também argumentou que parte do desprezo direcionado a ele pessoalmente deriva do fato de ele ser o primeiro afro-americano a ocupar a Casa Branca.
As mudanças demográficas e as dificuldades econômicas, incluindo a
estagnação de salários e rendas, fizeram com que "especialmente os
homens da classe trabalhadora enfrentassem muitas dificuldades na
economia atual, onde não mais contam com o mesmo poder de negociação de
quando trabalhavam em uma fábrica e conseguiam sustentar suas famílias
com um único contracheque", disse Obama em uma entrevista para a
"National Public Radio" (NPR, rádio pública nacional).
"A combinação dessas coisas faz com que haja muita revolta, frustração e medo potenciais –parte deles justificados, parte equivocados", acrescentou o presidente. "Eu acho que pessoas como Trump estão tirando proveito disso. É o que ele está explorando ao longo de sua campanha."
Os comentários foram a resposta mais incisiva de Obama a Trump desde que o candidato republicano sugeriu que muçulmanos fossem proibidos de entrar nos Estados Unidos após o massacre em San Bernardino, Califórnia. O ataque foi executado por um casal aparentemente muçulmano radicalizado, sendo que a mulher entrou nos Estados Unidos com um visto de noiva.
Em uma entrevista abrangente, realizada em Washington um dia antes de partir para duas semanas de férias com sua família no Havaí, Obama defendeu a forma como está lidando com o Estado Islâmico. Ele rejeitou a noção de que o grupo militante é uma ameaça existencial aos Estados Unidos, apesar de ter reconhecido que recebeu "críticas legítimas" por ter fracassado em explicar adequadamente sua estratégia para enfrentá-lo.
Ele também descreveu a forma como vê a ansiedade que Trump tem explorado, argumentando que alguns eleitores que expressam temores a respeito de sua presidência e dúvidas sobre a lealdade de Obama estão reagindo ao fato de ele ser o primeiro presidente negro.
"Se você se refere às correntes específicas no Partido Republicano que sugerem que de alguma forma sou diferente, que sou muçulmano, que sou desleal ao país etc. –o que infelizmente é um absurdo, mas têm força em certos bolsões do Partido Republicano e são articuladas por algumas de suas autoridades eleitas– o que eu diria é que provavelmente se trata de algo específico em relação a mim, quem sou e minha história", disse Obama para Steve Inskeep, um correspondente da "NPR". "De certa forma, eu posso representar uma mudança que os preocupa."
"Isso não quer dizer que todo mundo que faz objeção às minhas políticas não possa ter motivos perfeitamente justificáveis para isso", acrescentou o presidente. Ele notou, como exemplo, que os eleitores que vivem em áreas dependentes do carvão podem culpá-lo pela perda de seus empregos.
Obama tem tido dificuldade em atrair os eleitores brancos que não têm ensino superior, obtendo apenas 36% dos votos deles quando foi reeleito em 2012. Os republicanos têm um desempenho particularmente bom entre esse grupo, apesar dele representar uma fatia cada vez menor do eleitorado.
A respeito do Estado Islâmico, também conhecido como EI ou Daesh (sigla pejorativa do grupo em árabe), Obama reagiu às críticas à sua abordagem e disse estar "confiante de que prevaleceremos".
"Trata-se de um desafio sério –o EI é uma organização vil e virulenta que se estabeleceu em espaços na prática sem governo na Síria e em partes do oeste do Iraque", disse Obama, ao tratar dos ataques organizados pelo grupo em Paris e que aparentemente inspiraram o ataque em San Bernardino. "Mas também é importante mantermos as coisas em perspectiva, e não se trata de uma organização que possa destruir os Estados Unidos."
Ele também sugeriu que a cobertura intensa do grupo extremista hábil em média pelos veículos de notícias à caça de audiência contribui para a ansiedade da população, algo que derrubou seus índices de aprovação na questão.
"Se você assistiu televisão ao longo do último mês, tudo o que viu, tudo o que ouviu, é sobre esses sujeitos mascarados com bandeiras pretas que potencialmente virão atrás de você", disse Obama. "Logo, eu entendo por que as pessoas estão preocupadas com isso."
Ao ser perguntado se as organizações de notícias foram manipuladas pelo Estado Islâmico, ele acrescentou: "Veja, a mídia busca audiência. Esse é um tema legítimo de notícias".
Ele rejeitou as críticas dos candidatos presidenciais republicanos, que sugerem bombardear impiedosamente o grupo, assim como a sugestão de Hillary Clinton, a principal candidata presidencial de seu partido, de estabelecimento pelos Estados Unidos de uma "zona de exclusão aérea" sobre a Síria. Ele argumentou que fazê-lo exigiria tropas terrestres substanciais e fracassaria em prejudicar o Estado Islâmico, que não possui uma força aérea.
Mesmo assim, o presidente disse que seu governo não fez o suficiente para explicar sua estratégia e promover os sucessos do que tem feito.
"Há uma crítica legítima de que o que venho fazendo e o que nosso governo vem fazendo, de que não temos apresentado, de modo regular, eu acho, uma descrição de todo o trabalho que já estamos fazendo há um ano para derrotar o EI", disse Obama.
"A combinação dessas coisas faz com que haja muita revolta, frustração e medo potenciais –parte deles justificados, parte equivocados", acrescentou o presidente. "Eu acho que pessoas como Trump estão tirando proveito disso. É o que ele está explorando ao longo de sua campanha."
Os comentários foram a resposta mais incisiva de Obama a Trump desde que o candidato republicano sugeriu que muçulmanos fossem proibidos de entrar nos Estados Unidos após o massacre em San Bernardino, Califórnia. O ataque foi executado por um casal aparentemente muçulmano radicalizado, sendo que a mulher entrou nos Estados Unidos com um visto de noiva.
Em uma entrevista abrangente, realizada em Washington um dia antes de partir para duas semanas de férias com sua família no Havaí, Obama defendeu a forma como está lidando com o Estado Islâmico. Ele rejeitou a noção de que o grupo militante é uma ameaça existencial aos Estados Unidos, apesar de ter reconhecido que recebeu "críticas legítimas" por ter fracassado em explicar adequadamente sua estratégia para enfrentá-lo.
Ele também descreveu a forma como vê a ansiedade que Trump tem explorado, argumentando que alguns eleitores que expressam temores a respeito de sua presidência e dúvidas sobre a lealdade de Obama estão reagindo ao fato de ele ser o primeiro presidente negro.
"Se você se refere às correntes específicas no Partido Republicano que sugerem que de alguma forma sou diferente, que sou muçulmano, que sou desleal ao país etc. –o que infelizmente é um absurdo, mas têm força em certos bolsões do Partido Republicano e são articuladas por algumas de suas autoridades eleitas– o que eu diria é que provavelmente se trata de algo específico em relação a mim, quem sou e minha história", disse Obama para Steve Inskeep, um correspondente da "NPR". "De certa forma, eu posso representar uma mudança que os preocupa."
"Isso não quer dizer que todo mundo que faz objeção às minhas políticas não possa ter motivos perfeitamente justificáveis para isso", acrescentou o presidente. Ele notou, como exemplo, que os eleitores que vivem em áreas dependentes do carvão podem culpá-lo pela perda de seus empregos.
Obama tem tido dificuldade em atrair os eleitores brancos que não têm ensino superior, obtendo apenas 36% dos votos deles quando foi reeleito em 2012. Os republicanos têm um desempenho particularmente bom entre esse grupo, apesar dele representar uma fatia cada vez menor do eleitorado.
A respeito do Estado Islâmico, também conhecido como EI ou Daesh (sigla pejorativa do grupo em árabe), Obama reagiu às críticas à sua abordagem e disse estar "confiante de que prevaleceremos".
"Trata-se de um desafio sério –o EI é uma organização vil e virulenta que se estabeleceu em espaços na prática sem governo na Síria e em partes do oeste do Iraque", disse Obama, ao tratar dos ataques organizados pelo grupo em Paris e que aparentemente inspiraram o ataque em San Bernardino. "Mas também é importante mantermos as coisas em perspectiva, e não se trata de uma organização que possa destruir os Estados Unidos."
Ele também sugeriu que a cobertura intensa do grupo extremista hábil em média pelos veículos de notícias à caça de audiência contribui para a ansiedade da população, algo que derrubou seus índices de aprovação na questão.
"Se você assistiu televisão ao longo do último mês, tudo o que viu, tudo o que ouviu, é sobre esses sujeitos mascarados com bandeiras pretas que potencialmente virão atrás de você", disse Obama. "Logo, eu entendo por que as pessoas estão preocupadas com isso."
Ao ser perguntado se as organizações de notícias foram manipuladas pelo Estado Islâmico, ele acrescentou: "Veja, a mídia busca audiência. Esse é um tema legítimo de notícias".
Ele rejeitou as críticas dos candidatos presidenciais republicanos, que sugerem bombardear impiedosamente o grupo, assim como a sugestão de Hillary Clinton, a principal candidata presidencial de seu partido, de estabelecimento pelos Estados Unidos de uma "zona de exclusão aérea" sobre a Síria. Ele argumentou que fazê-lo exigiria tropas terrestres substanciais e fracassaria em prejudicar o Estado Islâmico, que não possui uma força aérea.
Mesmo assim, o presidente disse que seu governo não fez o suficiente para explicar sua estratégia e promover os sucessos do que tem feito.
"Há uma crítica legítima de que o que venho fazendo e o que nosso governo vem fazendo, de que não temos apresentado, de modo regular, eu acho, uma descrição de todo o trabalho que já estamos fazendo há um ano para derrotar o EI", disse Obama.
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