Combate ao terrorismo não tem volta
A mobilização dos organismos de segurança
precisa ser mantida depois da Olimpíada, porque o perigo do terror é
mesmo uma ameaça mundial e constante
O Globo
Os ataques ontem na cidade de Munique, na Alemanha, confirmaram a
existência de uma onda de terror no mundo, concentrada na Europa, alvo
prioritário do sectarismo islâmico, junto com os Estados Unidos.
Mas eles não seriam necessários para justificar a acertada decisão do
governo brasileiro de, na quinta-feira, cumprir 12 mandados de prisão
temporária de brasileiros defensores do Estado Islâmico, segundo
demonstram as mensagens trocadas entre eles e que vinham sendo
monitoradas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A operação da Polícia Federal para fazer prisões em vários estados
(Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Mato Grosso, Minas, Rio de Janeiro,
São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul), batizada de “Hashtag”, foi
deflagrada, explicou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, porque o
grupo passou a planejar ações, com a compra de pelo menos um fuzil, no
Paraguai, pela internet. Nisso ficou evidenciado o seu caráter
amadorístico. Mesmo assim, o governo resolveu agir, e fez bem.
Ainda que seja neófita no manejo de armas e explosivos, uma pessoa
pode causar grandes estragos e provocar mortes. Inclusive a dela, marca
desses ataques suicidas.
A característica do terrorismo praticado pelo EI facilita ações de
não “profissionais”. Não importa, é claro, que sejam pessoas
desequilibradas. O uso intensivo da internet pelo grupo, para fazer
conversões em todo o mundo, inclusive em países de língua portuguesa,
incentiva operações solitárias com o uso de qualquer arma, mesmo um
caminhão, como aconteceu em Nice, na França.
Os últimos ataques, agora em Munique, servem para enfatizar que a
luta contra o terrorismo no Brasil é um caminho sem volta. Não poderá
acabar com o fim da Olimpíada.
O risco do terror veio para ficar, também porque a possibilidade de
pessoas se radicalizarem pela internet é efetiva. O que se sabe até
agora sobre o grupo detido serve de exemplo.
E não pode ser considerado sem importância o fato de haver no Sul,
na Tríplice Fronteira, entre Brasil, Paraguai e Argentina, comunidades
muçulmanas bem conectadas com o Oriente Médio.
As conexões entre organismos de segurança brasileiros com
estrangeiros, estreitadas em função da Olimpíada, não podem também ser
totalmente rompidas depois dos Jogos.
Além disso, se torna premente
eliminar uma conhecida e grave falha, muito visível no combate ao crime
comum: a descoordenação entre aparelhos de segurança estaduais e
federais.
Desta primeira operação resulta, também, que se comprova a validade
da Lei Antiterrorismo, contra a qual se colocaram hostes petistas,
preocupadas em proteger companheiros mais radicais, entre eles os
sem-terra. Está provada a inconsequência desta militância. É esta lei
que permite reações rápidas do Estado, como necessário.
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