Ex-diretor da Petrobras pede novo depoimento a Moro e diz que vai colaborar
Condenado a mais de 57 anos de prisão, Renato Duque abandona o silêncio
Cleide Carvalho - O Globo
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque — já condenado na
Lava-Jato e réu em vários processos acusado de intermediar cobrança de
propina para o PT — pediu ao juiz Sérgio Moro um novo interrogatório,
para que possa colaborar com a Justiça. A petição foi apresentada na
manhã desta quinta-feira. Duque havia se mantido em silêncio até agora e
tentava, sem sucesso, fechar com acordo de delação premiada com a
força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF).
Na petição, Duque afirma que, livre de qualquer tipo de
coação física ou mental, deseja colaborar com a Justiça na investigação
dos fatos relacionados ao inquérito em que o ex-ministro Antonio Palocci
é acusado de gerenciar uma conta-corrente de propina da Odebrecht para o
PT e determinar pagamentos ao publicitário João Santana no exterior.
Duque já foi condenado na Lava-Jato, em primeira instância, a
57 anos de prisão e ainda responde a seis ações em andamento - uma
delas é justamente a ação que envolve o ex-ministro Palocci.
Diretor da área de Serviços da Petrobras, ele foi delatado
pela primeira vez pelo diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto
Costa. Ao ser preso e decidir pelo acordo de colaboração, Costa contou
que os diretores da Petrobras ocupavam seus postos por indicações
políticas, em troca de fazer arrecadação para os políticos nos contratos
da Petrobras. A área de Costa respondia inicialmente ao PP e Duque,
afirmou, era o representante do PT.
Ao contrário de Duque, Palocci não ficou calado no
depoimento ao juiz Sérgio Moro e negou que tenha determinado pagamento a
João Santana no exterior. Palocci admitiu a existência de caixa 2 nas
campanhas dos partidos e que sabia que a Odebrecht havia provisionado
valores para contribuir com a campanha petista. Durante a audiência, ele
manifestou ao juiz Sérgio Moro intenção de colaborar e disse que daria à
Lava-Jato mais um ano de trabalho, pelo menos, depois de mencionar, sem
citar nome, participação de importante figura do mercado financeiro na
arrecadação de campanhas.
Palocci contratou também advogados especialistas em delação
premiada para iniciar as negociações. O advogado dele, José Roberto
Batochio, disse ontem que seu escritório não trabalha com causas que
envolvem delação, mas ressaltou que não tinha sido informado pelo
cliente da contratação de novos advogados.
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