terça-feira, 25 de abril de 2017

Sejamos francos: a política é assalto organizado
E não há meio termo 
Robert Higgs - IMB
Eis o que se observa: as pessoas não se opõem à corrupção na política e no governo. Elas se opõem apenas àquela corrupção perpetrada por quem elas não aprovam.
Ou, falando mais claramente, elas se opõem apenas à corrupção que não direciona dinheiro, poder e domínio a elas próprias, e sim aos seus rivais ideológicos.
Todo o processo que envolve o assim chamado "governo democrático" nada mais é do que um amplo esquema de corrupção em larga escala, o qual é sustentado pela ameaça de violência: se você se recusar a dar seu dinheiro, via impostos, para essas pessoas, você é encarcerado. E se tentar resistir à prisão, você pode ser morto.
Partidários políticos, em particular, são completamente amorais em relação à corrupção do processo político. Se o partido vermelho é exposto como tendo recebido propinas ou tendo desviado dinheiro público para favorecer seus empresários favoritos, o partido azul e seus entusiastas imediatamente se travestem do manto da moralidade infinita. Mas tão logo se descobre que este também usufruía o butim, seus partidários se calam, e o partido vermelho e seus defensores imediatamente se excitam e passam a posar de moralistas. (Já o partido do centro não tem apoiadores e nem sequer se dá ao trabalho de posar de moralista; já parte direto para o esbulho).
É claro que a corrupção não se limita apenas às altas esferas federais. Estas são apenas as mais reportadas. Tanto nos governos estaduais quanto nos municipais, a corrupção é uma prática que fornece uma igualdade de oportunidade a todos. Com efeito, é exatamente por isso que os governos federal, estaduais e municipais não param de crescer: para conceder igualdade de oportunidade (de esbulho) a todos os seus ocupantes.
Se o governo se limitasse apenas à função de proteger os direitos naturais das pessoas — cada cidadão não pode ter sua vida retirada, sua propriedade honestamente adquirida confiscada, e sua livre iniciativa tolhida —, como defendia John Locke, ele poderia operar com uma ínfima fração do dinheiro e do número de burocratas atuais.
Mas dado que o aparato estatal é uma máquina especializada em tomar dinheiro de uns para enriquecer outros — deixando um pedágio no meio do caminho para seus operadores (políticos) —, impossível esta máquina parar de crescer. E impossível parar de se corromper.
Sendo assim, por que realmente alguém deveria se surpreender quando um novo esquema de corrupção é revelado? Ou quando um novo político é flagrado? O sistema foi criado exatamente para facilitar e estimular esse comportamento. Por que ainda é surpreendente o fato de que políticos e funcionários públicos dentro deste sistema agem exatamente de acordo com as facilidades e estímulos criados por ele?
Se uma sociedade possui um sistema de governo no qual seus ocupantes não apenas possuem um grande poder sobre a vida, a liberdade e a propriedade de terceiros, como também usufruem a possibilidade de vender a execução desse poder para quem pagar mais, então é claro que esse leilão ocorrerá.  Políticos ficarão com a propina, e os beneficiados ficarão com o dinheiro extraído do povo.
Se o dinheiro, o poder e o sadismo fossem removidos da política e do governo, não sobraria nada além de promessas vazias e ilusões infantis.
Sob esse sistema desagregador, aquele que para alguns é um escroque, para outros é um servidor público dedicado. Aquele que para alguns é um patriota, para outros é um traidor. Pessoas que não pensariam em roubar $ 1 que o vizinho deixou cair no chão irão defender políticos que quebram todo um país enquanto enriquecem a si próprios e a seus amigos e apoiadores.
Conclusão
Eis um teste prático: para ver quão comprometida é uma pessoa com a política do esbulho alheio, descubra qual programa de governo ela jamais seria contra. Se for algum relacionado a dinheiro, poder e privilégios, ela é defensora da política do esbulho.
A democracia poderia funcionar se fosse puramente um sistema de vetos. Os eleitores poderiam anular qualquer programa governamental por meio de um voto majoritário. Assim, ao menos haveria uma chance de o estado ser mantido numa coleira apertada.
Mas tal sistema não seria do interesse daqueles que vivem do esbulho alheio.
E viver do esbulho alheio sempre foi a essência da política. Varia apenas a quantidade pilhada e a filosofia utilizada para justificar a pilhagem.
Todo o sistema de esbulho não pode ser reformado por qualquer outro programa senão um profundo corte de gastos. E é por isso que qualquer ideia de corte de gastos imediatamente encontra feroz oposição. Os eleitores que importam — aqueles que são politicamente organizados e, por isso, são premiados com os frutos da pilhagem — não querem isso.

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