'Rio não tem caixa para pagar servidores em setembro', diz Crivella
Segundo o prefeito, o município vive uma ‘crise imensa’
Renan Rodrigues - O Globo
A prefeitura do Rio vive uma “crise imensa”, de acordo com o próprio
prefeito Marcelo Crivella. Segundo ele, não haverá caixa para o
pagamento de salário em setembro na atual condição do município,
conforme adiantou Berenice Seara, colunista do jornal Extra. Na manhã
desta terça-feira, na Clínica da Família Faim Pedro, em Padre Miguel,
Crivella disse que espera uma resposta do BNDES e da Caixa Econômica a
respeito de dívidas municipais que vencem neste ano.
—
A prefeitura está vivendo uma crise imensa, que nunca viveu nos últimos
30 anos. Em decorrência de uma administração temerária, de muitas obras
e também de uma queda de arrecadação com a crise do estado. Todo mundo
sabe que o Estado do Rio quebrou. Temos 350 mil desempregados só na
cidade do Rio. Claro que eu preciso renegociar a dívida com o BNDES e
com a Caixa Econômica.
Para o prefeito, o Rio não pode arcar, nesse momento, com o pagamento
de empréstimos estimados em R$ 1 bilhão que foram feitos para obras da
Olimpíada:
— Eu tenho que dar prioridade para o pagamento dos salários das
pessoas, da saúde, da merenda das crianças na escola. Estou renegociando
desde janeiro e espero ter uma resposta agora no mês de maio. Segundo o
Tesouro (municipal), se consultarem hoje, vocês vão ver que para
setembro não há mais caixa para pagar os salários. Tudo isso pode ser
revertido, se renegociarmos as dívidas que vencem esse ano.
Entre as ações para aumentar a arrecadação, Crivella pretende aprovar
uma lei, na Câmara dos Vereadores, reduzindo as isenções de IPTU no
município.
— Acho que a prefeitura já terá superado essa crise no ano que vem. A
receita deve voltar ao normal. Acredito que a Câmara, inclusive, vai
votar a nossa lei para diminuir as isenções de IPTU. O Rio tem de 1,1
milhão a 1,8 milhão de casas, apartamento e lojas comerciais que não
pagam.
Com déficit, o FunPrevi — fundo de previdência dos servidores da
prefeitura do Rio — também passa por uma situação difícil. A previsão
para este ano é que o pagamento das 66 mil aposentadorias e 13 mil
pensões representem R$ 4,7 bilhões. A receita do fundo, no entanto, é de
apenas R$ 2,1 bilhões — um déficit de R$ 2,6 bilhões, o que representa
10% da receita total do orçamento do município, segundo o presidente do
Previ-Rio, Luiz Alfredo Salomão. Crivella voltou a atacar a antiga
gestão do peemedebista Eduardo Paes e defendeu, também, a contribuição
dos inativos, “se for necessário”.
— Estou esperando decisão do Congresso Nacional sobre a previdência.
Acredito que deve ser votada esta semana, no máximo, na outra. Em
seguida, vamos cuidar da previdência do Rio que está quebrada. É uma
pena. É bom fazer essa denúncia. Havia bilhões que foram gastos nessa
euforia, obras da Olimpíada, colocando em risco o pagamento. Se
necessário for, teremos que fazer a contribuição dos inativos — disse o
prefeito, detalhando a proposta: — mas é bom lembrar que não são todos
os inativos. Cerca de 10% deles, que ganham acima de R$ 5.500, e a
contribuição só incide no que ultrapassa. É assim que a gente pretende
equilibrar (as contas) e não atrasar o pagamento dos aposentados.
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