Ex-diretor da Petrobras resolve falar e será interrogado por Moro no próximo dia 5
Defesa de Palocci tentou impedir, mas Renato Duque falará pela primeira vez à Justiça
O Globo
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque — já condenado na
Lava-Jato e réu em vários processos acusado de intermediar cobrança de
propina para o PT — vai prestar novo depoimento ao juiz Sergio Moro no
próximo dia 5. Os advogados de Duque pediram para que fosse interrogado
de novo para que possa colaborar com a Justiça, na ação que envolve o
ex-ministro Antonio Palocci. A defesa de Palocci e de seu assessor
Branislav Kontic tentou que Moro indeferisse o pedido, já que Duque está
tentando negociar delação premiada, sob argumento de que as tratativas
devem ocorrer com o Ministério Público Federal, sem a participação do
juiz. Moro negou o recurso e marcou o novo interrogatório de Duque.
Duque
já foi convocado a falar ao juiz Sergio Moro diversas vezes, mas sempre
se manteve em silêncio. Tentava, sem sucesso, fechar acordo de delação
premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) pelo
menos desde o ano passado.
Na petição, Duque afirmou que agora, livre de qualquer tipo
de coação física ou mental, deseja colaborar com a Justiça na
investigação dos fatos relacionados ao inquérito em que Palocci é
acusado de gerenciar uma conta-corrente de propina da Odebrecht para o
PT e determinar pagamentos ao publicitário João Santana no exterior.
Duque já foi condenado na Lava-Jato, em primeira instância, a
57 anos de prisão e ainda responde a seis ações penais em andamento -
uma delas é justamente a ação que envolve o ex-ministro Palocci.
Diretor da área de Serviços da Petrobras, Duque foi delatado
pela primeira vez pelo diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto
Costa. Ao ser preso e decidir pelo acordo de colaboração, Costa contou
que os diretores da Petrobras ocupavam seus postos por indicações
políticas, em troca de fazer arrecadação para os políticos nos contratos
da Petrobras. A área de Costa respondia inicialmente ao PP e Duque,
afirmou, era o representante do PT. Pedro Barusco, que foi subordinado
de Duque, fechou acordo de delação e contou detalhes de como funcionava o
esquema na área, entregando os nomes de vários operadores de propina, o
que permitiu à força-tarefa da Lava-Jato rastrear o dinheiro.
Ao contrário de Duque, Palocci não ficou calado no
depoimento ao juiz Sérgio Moro e negou que tenha determinado pagamento a
João Santana no exterior. Palocci admitiu a existência de caixa 2 nas
campanhas dos partidos e que sabia que a Odebrecht havia provisionado
valores para contribuir com a campanha petista. Durante a audiência, ele
manifestou ao juiz Sérgio Moro intenção de colaborar e disse que daria à
Lava-Jato mais um ano de trabalho, pelo menos, depois de mencionar, sem
citar nome, participação de importante figura do mercado financeiro na
arrecadação de campanhas.
Palocci contratou também advogados especialistas em delação
premiada para iniciar as negociações. O advogado José Roberto Batochio,
que vinha atuando com o ex-ministro, permanece no caso. A petição que
tentou evitar o depoimento de Duque foi assinada por ele.
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