Não foi um surto de bom senso que orientou a aprovação do fim do foro privilegiado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Dora Kramer - VEJA
Randolfe Rodrigues, relator do projeto que põe fim ao foro privilegiado (Jane de Araújo/Agência Senado)
Não foi a adesão a um “avanço civilizatório”,
como disse o senador Álvaro Dias em sua interpretação otimista, o que
motivou a Comissão de Constituição e Justiça do Senado a aprovar o
projeto que propõe o fim do foro especial por prerrogativa de função
para todas as autoridades à exceção dos chefes dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário. Tampouco foi um surto de bom senso o que
acometeu as mentes insanas de determinadas excelências, como supôs o
senador Randolfe Rodrigues, relator do projeto.
Os senadores da CCJ quiseram dar uma demonstração de que são capazes de se adiantar ao STF numa questão em que o tribunal se prepara para se pronunciar devido à omissão do Legislativo. Pois bem, disso não passará. No máximo e na hipótese mais otimista, os congressistas aceitarão a alteração que, segundo o ministro Luiz Fux, já conta com apoio da maioria do colegiado. Ou alguém acredita que entre acabar com o foro, o que levaria à primeira instância todos os processos hoje em curso por atos cometidos em épocas anteriores aos atuais mandatos, e apenas limitar sua amplitude, senadores e deputados ficariam com a primeira hipótese? De jeito nenhum.
Há um dito segundo o qual o político acompanha enterro, mas não pula junto com o cadáver no túmulo. De onde trata-se de otimismo à deriva imaginar que seja possível reunir maioria de parlamentares dispostos a cavar as próprias covas.
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