Vídeo: Cabral nega propina, mas admite que usou caixa 2 para benefício próprio
Ex-governador disse que tal prática 'é um fato da vida nacional'
Dimitrius Dantas - O Globo
O ex-governador Sérgio Cabral admitiu em depoimento nesta
quinta-feira, que usou, para benefício próprio, dinheiro de caixa 2
destinado para abastecer sua campanha eleitoral ao governo do Rio. Ao
ser questionado por sua defesa se teria usado os recursos para comprar
algumas das mercadorias citadas no inquérito - como termos de grifes e
jóias, por exemplo -, Cabral disse que sim e que tal prática "é um fato
da vida nacional". (VÍDEOS: assista à íntegra dos depoimentos de Cabral e Adriana Ancelmo)
-
Vossa Excelência tem ouvido aqui muitas observações a respeito de caixa
2, sobras de campanha. Isso é um fato. É um fato da vida nacional.
Reconheço esse erro. São recursos, recursos próprios e recursos de sobra
de campanha, de caixa 2. São com esses recursos, nada a ver nem com a
minha mulher e muito menos a ver dessa acusação de Comperj - disse ele,
negando que tivesse recebido dinheiro de propina referente ao esquema de
corrupção no complexo.
Abatido, mas algumas vezes sem esconder o sorriso, o
ex-governador disse defender o debate que se faz hoje contra o caixa 2
nas campanhas.
- Acho até que o trabalho feito nesse momento de ter uma
outra visão sobre financiamento de campanha, como financiar as campanhas
eleitorais... A questão democrática é vital, fundamental. Eu não posso
negar que houve uso de caixa 2 e uso de sobras de campanha, de recursos.
Em função de eu ter sido um político com desempenho eleitoral forte no
estado e esses fatos são reais.
Cabral defendeu a mulher o tempo todo:
—Minha mulher não tem responsabilidade sobre esses gastos.
Não tem ligação nenhuma com as pessoas que estão aí. Me sinto indignado
com o nome dela vinculado a esses fatos.
Por orientação de seus advogados, Cabral ficou em silêncio
quando perguntado pelo juiz e pelo procurador Athayde Ribeiro Costa.
Moro formulou três perguntas, e o procurador, apenas uma.
— O senhor está arrependido das condutas que cometeu? — perguntou Ribeiro Costa.
Em sua resposta, o ex-governador afirmou que iria apenas responder às perguntas de seus advogados.
Moro optou por fazer suas perguntas mesmo após o advogado de
Sérgio Cabral afirmar que o ex-governador não as responderia.
Inadvertidamente, Cabral respondeu a primeira pergunta de Moro, se havia
cobrado valores indevidos da empreiteira Andrade Gutierrez.
— Não é verdade — respondeu Cabral.
O interrogatório, que durou meia hora, foi ocupado boa parte
pelas perguntas formuladas pela defesa. Em sua defesa, Sérgio Cabral
afirmou que seu governo tinha uma relação muito difícil com a Petrobras,
em razão de várias ações judiciais entre o governo do estado e a
empresa. Questionado sobre sua relação com o ex-diretor de Abastecimento
da estatal, Paulo Roberto Costa, que teria autorizado os pagamentos de
propina a Cabral, respondeu que era apenas institucional.
— Jamais tratei de qualquer assunto de apoio a campanha com o
senhor Paulo Roberto. Jamais solicitei a ele qualquer tipo de apoio
financeiro — disse.Cabral prestou depoimento nesta quinta-feira - Reprodução
Nenhum comentário:
Postar um comentário