Forças Armadas assumem segurança da Esplanada dos Ministérios
Tropas atuarão na capital durante uma semana
Eduardo Barretto / Leticia Fernandes / Mariana Sanches - O Globo
O presidente Michel Temer acionou nesta quarta-feira a Garantia da
Lei e da Ordem (GLO) para que as Forças Armadas façam a segurança da
Esplanada dos Ministérios, após protesto que deixou prédios de várias pastas depredados.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, condenou a manifestação que pediu a
saída do presidente, que segundo a Polícia Militar contou com a
presença de 35 mil pessoas. De acordo com Jungmann, o presidente Michel
Temer disse que é "inaceitável o descontrole" do ato. As tropas federais
já estão em Brasília.
O decreto de Temer foi publicado em edição extra do Diário Oficial da
União e estabelece que as tropas federais atuarão na capital por uma
semana, até o dia 31. A área específica de atuação, no Distrito Federal,
será delimitada pela Defesa.
A GLO é invocada, segundo a Defesa, quando há "esgotamento das forças
tradicionais de segurança pública, em graves situações de perturbação
da ordem". O dispositivo constitucional, que é de atribuição exclusiva
do presidente da República, prevê que os militares podem,
provisoriamente, atuar com poder de polícia.
— O senhor presidente faz questão de ressaltar que é inaceitável a
baderna, que é inaceitável o descontrole e que ele não permitirá que
atos como este venham a turbar um processo que se desenvolve de forma
democrática e com respeito às instituições — declarou o ministro da
Defesa, que não respondeu a perguntas de jornalistas nem revelou o
contingente de agentes.
A decisão de usar militares para intervir na segurança foi tomada
pelo presidente quando estava em reunião com os ministros Jungmann,
Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria Geral), Antonio
Imbassahy (Secretaria de Governo) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de
Segurança Institucional).
O gabinete de monitoramento, integrado pelo GSI e pela Defesa, já
vinha analisando os movimentos de manifestantes ao longo dos últimos
dias, como a chegada de ônibus à capital. Desde ontem, porém, o gabinete
se mudou para dentro do Palácio do Planalto.
Segundo o ministro da Defesa, o protesto estava previsto para ser
"pacífico", mas "degringolou à violência, vandalismo, desrespeito, na
agressão ao patrimônio público, na ameaça às pessoas, muitas delas
servidoras que se encontram aterrorizadas e que estamos, neste momento,
garantindo sua evacuação". Todos os ministérios foram evacuados e o
expediente foi encerrado às 15h. No Planalto, a ordem de Temer é para
que todos os servidores permaneçam no prédio, que é escoltado por
militares em todas as ocasiões.
Jungmann disse também que o pedido veio também do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que confirmou ao GLOBO confirmou que pediu ao Palácio do Planalto o apoio das Forças Nacionais de Segurança.
— Pedi porque o ambiente lá fora estava virando um inferno! — disse Maia, depois, na sessão, ao ser questionado pelo PT.
Por causa dos protestos, Temer teve de cancelar uma reunião que teria às
16h por dificuldade de acesso ao Palácio do Planalto. Ele receberia
José Carlos Rodrigues Martins, presidente da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (CBIC) e um grupo de empresários.
'PRESERVAR O PROCESSOS DEMOCRÁTICO'
Generais
do Exército participaram na tarde desta quarta-feira de um seminário
realizado pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso. Ao comentar a
atuação do Exército na capital, o comandante Eduardo Dias da Costa
Villas-Boas afirmou que as Forças Armadas têm o interesse de preservar a
democracia:
— Jamais para causar alguma ruptura no processo democrático, sempre
para preservar o processo democrático, garantir o cumprimento da
Constituição e para proteger e preservar as instituições, a quem cabe
encontrar os caminhos para a gente sair desse imbróglio que nós estamos
metidos.
Segundo Villas Bôas, ele é frequentemente interpelado a dar um golpe por cidadãos brasileiros:
— Recebemos muitos apelos por intervenção militar e percebo que que
sociedade identifica (no Exército) os valores que sente falta.
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