segunda-feira, 6 de novembro de 2017

'Falha no direito penal brasileiro criou um país de ricos delinquentes', diz Barroso
Ministro do Supremo ministra palestra em universidade de Buenos Aires


— A corrupção passou a ser meio de vida e modo de fazer negócios. O sistema punitivo deixou de cumprir seu grande papel — disse Barroso.
Em seguida, ele destacou as transformações que ele acredita estar vendo no Judiciário brasileiro e que permitiram "investigações, denúncias e condenações que atingiram pessoas que sempre se imaginaram imunes. Esse é o quadro que estamos quebrando, era um pacto oligárquico".
— Avançamos em mudanças de atitude na sociedade e no Judiciário, hoje visto como agente de transformação. Não todos… existem movimentos erráticos. Mas a tendência é de superação desta velha ordem que acha que rico não deve ser preso — apontou.
O ministro do STF não identificou o que chamou de "movimentos erráticos", mas mencionou a discussão sobre a aplicação de punições com condenações em segunda instância:
— Houve mudanças de atitude, na legislação, na jurisprudência e a possibilidade de punição com condenação em segunda instância. Espero que não se mude esta jurisprudência porque fará com que se volte ao país que sempre fomos. O que se quer é reabrir a porta pela qual os recursos indefinidos levam os processos até o momento da prescrição.
Barroso não mencionou nomes, mas em sua palestra descreveu os principais escândalos ocorridos no Brasil recentemente e fez uma clara referência ao ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva:
— Mesmo quem se apresentou como quem iria enfrentar esse pacto terminou por aliar-se a esse pacto e aprofundá-lo. A contaminação é muito ampla.
O ministro afirmou que "não existe corrupção do bem e do mal, de esquerda ou direita… a elite acha que a corrupção ruim era a dos inimigos. É uma visão errada que atrasa o país".
— A corrupção não e invencível. O slogan que me anima é "não importa o qual esteja acontecendo a sua volta, faça o melhor papel que puder" — afirmou.
Barroso defendeu a reforma do sistema político, já que para ele "o sistema atual é caríssimo":
— É preciso conceber um sistema que barateie as eleições, porque um dos grandes focos de corrupção é o financiamento eleitoral.
O ministro do STF disse, ainda, que "o Brasil tem uma legislação auto-protetiva, um sistema feito para prender menino pobre com 100 gramas de maconha mas que torna dificilíssimo prender que desvia R$ 10 milhões. Um sistema que protege a elite".
— Temos um sistema que fomenta a corrupção e garante a impunidade — lamentou.

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