sábado, 29 de março de 2014

Leia a carta de Lula a Maduro e decida: o remetente lidera o campeonato nacional de cinismo ou o ranking mundial de idiotia?
Augusto Nunes - VEJA
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A violenta reação do presidente Nicolás Maduro às manifestações de rua promovidas pela oposição desde o começo de fevereiro já contabilizava 20 mortos quando Lula resolveu manifestar-se sobre o que vai pela Venezuela. Divulgada há poucos dias pelo destinatário, segue-se a carta que algum assessor escreveu e o remetente que nunca leu um livro assinou:
Luiz Inácio Lula da Silva
Ex Presidente da República Federativa do Brasil
Ao Excelentíssimo
Presidente Nicolás Maduro Moros
São Paulo, 5 de março de 2014
Companheiro Presidente Nicolás Maduro:
Me dirijo ao senhor nesta data triste da República Bolivariana da Venezuela para oferecer meus votos de respeito e condolências pela morte do inesquecível e querido companheiro Hugo Chávez Frías, que hoje completa um ano.
Sempre estivemos juntos nas batalhas por uma América Latina mais justa e soberana, pela integração de nossas nações, pela construção de um continente independente e democrático.
Nas boas e nas más horas, na concordância e na divergência, Chávez era um grande amigo, um irmão de lutas e de sonhos.
Ele saiu de cena jovem demais, levado por uma doença que combateu como um guerreiro. Mas seu legado será eterno. Sob sua liderança, a Venezuela rompeu com um modelo econômico e social que concentrava a riqueza nas mãos de poucos grupos e relegava a maioria da população à miséria e à pobreza.
Há 15 anos vocês percorrem o caminho do desenvolvimento com inclusão social, aprofundamento da democracia e distribuição da renda.
Ao longo dessa trajetória, enfrentaram crises e dificuldades que souberam superar por meio da participação popular, do respeito pela Constituição e da determinação de defender os interesses populares.
Jamais se distanciaram do caminho democrático e da soberania do voto. Talvez nenhum outro país, nas últimas décadas, tenha passado por tantas eleições e consultas nas urnas.
Mesmo quando tiveram que enfrentar forças dispostas a violar o regime constitucional, mantiveram seu compromisso com a paz e a legalidade.
Essas são algumas das conquistas e lições herdadas do companheiro Chávez.
Não tenho dúvida, companheiro Maduro, de que esse corpo de ideias e experiências constitui uma guia de conduta de seu governo e do povo venezuelano neste momento delicado de sua história.
Momento em que é necessário um diálogo com todos os democratas que querem o que é melhor para o povo. Apenas assim a Venezuela realizará o sonho de uma sociedade justa, fraterna e igualitária.
A melhor forma de honrar a memória do comandante que se foi é seguir adiante no rumo da paz, da justiça social e da democracia, da integração continental e da autonomia de nossos povos.
Nesta luta estaremos sempre unidos.
Deixo um abraço fraterno e saudações ao bravo povo venezuelano.
Resumo da ópera (que começa com um pontapé na língua portuguesa: “Me dirijo“) : Lula quer ser Chávez quando crescer, morre de saudade do bolívar-de-hospício, acha que a Venezuela bolivariana é uma democracia de matar de inveja um sueco e descobriu que a oposição sonha com a ditadura. Se jogou para a torcida que berra na arquibancada do lado esquerdo, é só o mais cínico dos ex-presidentes. Se a carta traduz o que pensa, nenhum chefe de governo da história foi tão idiota.

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