sábado, 29 de março de 2014

Quando escrevi que a privatização envergonhada de aeroportos, com a estatal Infraero tendo 49% de participação, ia dar errado… Vejam só o que está acontecendo
Ricardo Setti - VEJA
O Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília: um dos aeroportos privatizados pela metade em que a necessidade de investimentos fez a estatal Infraero ter prejuízos -- ela, que deveria estar FORA do consórcio vencedor do leilão (Foto: Portal da Copa / Ministério do Esporte)
O Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília: um dos aeroportos privatizados só pela metade, em que a necessidade de investimentos fez a estatal Infraero ter prejuízos — ela, que deveria estar FORA do consórcio vencedor do leilão (Foto: Portal da Copa / Ministério do Esporte)
Não gosto de atacar com o antipático “eu não disse?”, nem na vida particular nem em comentários no blog.
É inevitável, porém, lembrar que, quando o governo da presidente Dilma começou a privatização tardia e envergonhada — envergonhadíssima — de grandes aeroportos brasileiros, considerei um absurdo que, mesmo “privatizando”, os consórcios resultantes teriam obrigatoriamente a incompetente, gorda e atrasada estatal Infraero como sócia, e com 49%.
Meu argumento era simplíssimo, e decorrente do óbvio mais escandaloso e ululante: se a estatal não tinha dinheiro (e nem competência) para modernizar e gerir de forma decente os aeroportos, como conseguiria recursos para, quando fosse necessário INVESTIR nos aeroportos privatizados, colocar neles 49% do necessário?
Santo Deus, isso é tão evidente como 2 mais 2 são 4!!!
Mas não, partiu-se para o modelo podre, contaminado pela ideologia lulopetista: o Estado gordo e ineficaz precisa estar em toda parte, até para abrigar a companheirada.
O resultado aí está. A Infraero acaba de anunciar perdas de 1,224 bilhão de reais em 2013, no primeiro ano após a privatização de três dos principais aeroportos — o de Guarulhos, em São Paulo (cujo nome oficial é Governador André Franco Montoro), o de Viracopos, em Campinas (SP), e o Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília. No ano anterior, a empresa havia ganho 398,9 milhões de reais.
Agora vem o ponto que estou comentando: segundo informa o site de VEJA, o prejuízo é resultado não só da perda de receita com os três aeroportos, com seus famosos 49% de participação — no caso, nas receitas (antes era de 100%) –, mas também da necessidade de investimentos. “Quando são contabilizados os investimentos feitos pela estatal nos aeroportos privatizados”, continua o site de VEJA, “o resultado negativo se torna ainda maior: 2,654 bilhões de reais.”
Ou seja, essa é uma privatização tipicamente do governo Dilma: privatizam-se aeroportos, e o Estado — que deveria ficar fora do negócio, por já ter recebido grandes recursos com a concessão — TEM PREJUÍZO!!!
Esperem, que ainda tem mais: além da perda de receita com três aeroportos muito rentáveis, a Infraero também deixará embolsar o total faturado pelos aeroportos Antônio Carlos Jobim/Galeão, no Rio, e de Confins, em Belo Horizonte, objetos de leilão em 2013 mas ainda não assumidos pela iniciativa privada.
Ou quem vocês acham que vai tapar o rombo da Infraero? O Tesouro Nacional — ou seja, NÓS!
O presidente da Infraero, Gustavo Vale, já afirmou que a abertura de capital da empresa em bolsa será uma alternativa de captação de dinheiro. Contudo, o site de VEJA informa que a estreia está prevista somente para 2016. Daqui a dois anos!!!
Até lá, o lucro é uma miragem, e nós, contribuintes, teremos que bancar.
Governo de “gerentona” é isso!

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