PIB perde força e cresce 0,2% no 1º tri com recuo da indústria e de investimentos
PIB cresce 0,2% no 1º trimestre com queda da indústria e de investimento
Indústria teve queda de 0,8% e investimento de 2,1%, informou o IBGE; agropecuária avançou 3,6% e puxou resultado no trimestre
Agência Estado e Reuters
SÃO PAULO - A economia do País desacelerou o crescimento no primeiro
trimestre de 2014. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,2% no primeiro
trimestre, impactado sobretudo pela queda da indústria e dos
investimentos. O consumo das famílias ficou praticamente estável. No
último trimestre de 2013, o PIB havia avançado 0,4%. Os dados foram
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A desaceleração da atividade econômica no trimestre passado veio em
meio à queda generalizada da confiança dos agentes econômicos no ano em
que a presidente Dilma Rousseff tenta sua reeleição. A economia do
Brasil tem crescido de forma errática desde 2011 apesar das inúmeras
medidas de estímulo adotadas pelo governo, cenário que pode durar por
muito tempo ainda. Dentro da equipe econômica, ha avaliações de que ele
persistirá até o início de 2016.
O resultado do PIB veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas de 65 instituições consultados pela Agência Estado (de
-0,30% a +0,60%), que resultou numa mediana positiva de 0,20%. Na
comparação com o primeiro trimestre de 2013, o PIB avançou 1,90% no
primeiro trimestre deste ano. O resultado ficou dentro das estimavas dos
analistas do mercado, que previam alta entre 0,90% e 2,50%, com mediana
de 1,98%.
Com o dado divulgado hoje, o PIB acumula alta de 2,5% no acumulado em
12 meses até o primeiro trimestre de 2014. Ainda segundo o instituto, o
PIB do primeiro trimestre do ano totalizou R$ 1,2 trilhão.
O IBGE revisou ainda os resultados passados,
levando em consideração a nova composição da série da produção
industrial. Em 2013, o PIB cresceu 2,5%, um pouco melhor do que a expansão de 2,3% informada antes.
Analistas veem o PIB crescendo 1,63% neste ano, segundo última
pesquisa Focus do BC. Já o governo vê em 2,3%, como chegou a afirmar o
ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Agronegócio. O agronegócio, que subiu 3,6%, foi o
que puxou o crescimento da economia. A tendência para o PIB do setor no
restante do ano é positiva, avaliou Robson Mafioletti, agrônomo e
assessor da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Conforme
ele, o desempenho dos setores de grãos e carnes deve continuar firme. E
mesmo as safras de café e de cana-de-açúcar, que registraram quebras por
conta da estiagem no início do ano, serão compensadas pela alta dos
preços internacionais dos produtos.
"O trigo vai dar um puxada boa. A produção será maior, em torno de 7
milhões de toneladas, a partir de dados preliminares. No ano passado,
foram 5 milhões de toneladas. A perspectiva para a soja também é
positiva, com produção passando de 81 milhões para 87 milhões de
toneladas", afirmou. "O PIB não está ruim, se levarmos em conta que o
PIB brasileiro não deve chegar nem a 2% (neste ano)", avaliou
Mafioletti.
Queda da indústria. O desempenho fraco da economia
sofreu impacto da indústria, que não teve um bom primeiro trimestre.
O PIB da indústria caiu 0,8% no primeiro trimestre de 2014 em relação ao
quarto trimestre de 2013, o pior resultado do segmento desde o segundo
trimestre de 2012, quando tinha recuado -1,8%. Na comparação com o
primeiro trimestre do ano passado, o PIB da indústria mostrou alta de
0,8%.
Para o setor automotivo, o primeiros meses de 2014 também foram
difíceis. A indústria de transformação, que engloba o setor, caiu 0,5%. Montadoras já falaram em dar férias coletivas para ajustar o ritmo de produção ao menor volume de vendas deste ano.
Investimento e poupança. A taxa de investimento, de
17,7% Produto Interno Bruto (PIB) é a pior para primeiros trimestres
desde 2009, quando ficou em 17,0%. Já a taxa de poupança (12,7%) é a
menor para primeiros trimestres da série histórica (desde 2000)
apresentada pelo IBGE.
A queda de 2,1% na formação bruta de capital fixo (FBCF) no primeiro
trimestre do ano, ante o quarto trimestre de 2013, é a maior desde os
três primeiros meses de 2012, quando o recuo foi de 2,2%. Já na
comparação do primeiro trimestre com igual período do ano anterior, o
recuo de 2,1% é o maior desde o quarto trimestre de 2012 (-4,2%).
Consumo das famílias. Impactado pelo aumento do juro
ao longo dos últimos meses, o consumo das famílias caiu 0,1% no
primeiro trimestre de 2014 em relação ao quarto trimestre de 2013,
o pior resultado desde o terceiro trimestre de 2011, quando a queda foi
de 0,3%. Nesta semana, o Banco Central interrompeu a escalada dos juros e manteve a Selic em 11% ao ano. Ainda assim, em 12 meses, a alta do juro é de 3 pontos porcentuais, o que acabou impactando no consumo das famílias.
Consumo do governo. Em relação ao primeiro trimestre do
ano passado, o consumo do governo mostrou alta de 3,4%, a maior taxa
desde quarto trimestre de 2012, quando o avanço foi de 4,4%. Os próximos
meses, porém, tendem a ser mais difíceis para o governo. A Receita Federal diminuiu as projeções de arrecadação devido ao ritmo lento da economia.
Daniela Amorim, Idiana Tomazelli, Mariana Sallowicz e Vinicius Neder
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