Europa e EUA discutem fornecer armas à Ucrânia contra rebeldes
Pedido foi feito a Bruxelas no dia 28 pelo governo de Kiev, preocupado com a suposta iminência de uma ofensiva de milícias
Andrei Netto - OESP A
preocupação na Europa e nos EUA é com o avanço dos separatistas, que
assumiram o controle da cidade costeira de Novoazovsk, próximo à
fronteira com a Ucrânia
PARIS - Diante do risco crescente de uma ação russa no leste e
sudeste da Ucrânia, a União Europeia e Estados Unidos estão discutindo a
possibilidade de armar o Exército de Kiev em seu combate contra os
separatistas nas regiões de Donetsk, Lugansk e Mariupol. Sem admitir em
público a intenção, o novo presidente do Conselho Europeu, o polonês
Donald Tusk, afirmou ontem que a Europa deve parar "os agressores"
"enquanto há tempo". No domingo, parlamentares americanos defenderam em
Washington o fornecimento de armas a Kiev.
A discussão nos bastidores políticos leva em consideração o
pedido feito pelo governo de Petro Porochenko em 28 de agosto. Na
oportunidade, Kiev pediu que os chefes de Estado e de governo dos países
que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que
analisem a possibilidade de ingresso da Ucrânia na aliança militar. O
parlamento do país deve inclusive derrubar nessa semana o dispositivo
legal que impede que o governo avance em negociações para adesão ao
grupo.
Além disso, diante da urgência da situação, o embaixador
ucraniano na UE solicitou "ajuda humanitária de envergadura" a Bruxelas,
única forma de enfrentar o que chamou de "invasão russa não
dissimulada".
A resposta oficial até aqui é de que a União Europeia adotará
novas sanções dentro de sete dias se Moscou não retirar seu apoio
militar aos separatistas. Mas, ontem, Donald Tusk, primeiro-ministro da
Polônia já eleito futuro presidente do Conselho Europeu, exortou a
comunidade internacional a agir para evitar a invasão da Ucrânia. "Ainda
há tempo para parar aqueles que pela violência, pela força e pela
agressão se tornam mais uma vez o arsenal de uma ação política", disse
Tusk.
"É preciso refletir em conjunto sobre uma nova política que
terá por objetivo principal a segurança a eficiência de nossa comunidade
ocidental face à ameaça de uma guerra, não apenas no leste da Ucrânia",
advertiu o polonês, que falava em uma cerimônia de homenagem aos 75
anos do início da 2.ª Guerra Mundial, em Gdansk.
Nos bastidores diplomáticos da Europa, a eleição de Tusk para
presidente do Conselho Europeu, é sinal da preocupação causada pelo
conflito entre Ucrânia e Rússia. Político conservador, o polonês sempre
denunciou "a ameaça" de Moscou aos países do leste.
Assim como em Bruxelas, em Washington também cresce a pressão
para que a administração de Barack Obama preste apoio efetivo ao
Exército ucraniano em sua tentativa de recuperar o controle de Donetsk e
Lugansk. No domingo, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do
Senado, o democrata Robert Menendez, defendeu que os EUA e a Otan
forneçam armas a Kiev.
"Não se trata mais de rebeldes separatistas combatendo no
leste da Ucrânia, mas de uma invasão russa direta com milhares de
soldados, mísseis e tanques", argumentou à rede CNN. "Creio que a União
Europeia, a OTAN e os EUA devem considerar que a situação é radicalmente
diferente e que nós devemos dar aos ucranianos a possibilidade de
combater e de se defender."
Outro senador, o republicano John McCain, também defendeu o
armamento da Ucrânia. "Dê-lhes as armas de que necessitam, dê-lhes os
meios de que necessitam, dê-lhes a capacidade de lutar. Eles vão lutar",
defendeu em entrevista à CBS.
A preocupação na Europa e nos EUA é com o avanço dos
separatistas, que assumiram o controle da cidade costeira de Novoazovsk,
próximo à fronteira com a Ucrânia, e estão agora a 40 quilômetros de
Mariupol, porto estratégico do sudeste do país.
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