Brasil rejeita intervenção militar no Iraque para conter EI
ONU elabora nesta segunda uma resolução para enviar uma comissão de inquérito ao Iraque para avaliar crimes
Jamil Chade - O Estado de S. Paulo
GENEBRA - O Itamaraty se posiciona ao
lado de Rússia, China e Índia contra qualquer tipo de intervenção
militar no Iraque sob o pretexto de combater o Exército Islâmico. Em um
discurso nesta segunda-feira, 1, no Conselho de Direitos Humanos da ONU,
o governo brasileiro condenou as violações cometidas pelo grupo
extremista e pediu que os responsáveis sejam levados à Justiça. Mas
também pediu que a forma de combate ao grupo seja por meio de um apoio
ao governo do Iraque.
A
ONU vota nesta segunda uma resolução que enviará à região uma comissão
de inquérito para avaliar os crimes. Na semana passada, um levantamento
da entidade apontou que os extremistas estavam cometendo crimes contra a
humanidade e crimes de guerra na Síria. Agora, a meta da ONU é poder
ampliar a investigação também para o Iraque.
Nesta manhã, a ONU confirmou que 1,4 mil mortes foram
registradas apenas em julho por conta dos extremistas, além de 850 mil
refugiados.
Em discurso antes da votação, a embaixadora do Brasil nas
Nações Unidas, Regina Dunlop, fez questão de "expressar a profunda
preocupação" do Itamaraty diante da crise no norte do Iraque. "O Brasil
condena os abusos e violações", declarou a embaixadora, acusando o grupo
de atacar civis, jornalistas e perseguir cristãos.
Dunlop confirmou que o Brasil "apoia a implementação" de uma
missão que investigue as violações cometidas pelos extremistas
islâmicos.
Mas o governo deixa claro que a forma de frear o movimento não
é uma nova intervenção. "A ONU deve apoiar o novo governo do Iraque em
sua tarefa de promover a estabilidade no país e o respeito aos direitos
humanos", disse a diplomata.
"A comunidade internacional tem um papel importante a
desempenhar no combate à escalada de violência que atualmente ocorre no
Iraque. Mas, como os países dos Brics já declararam em julho em
Fortaleza, o atual contexto exige que intervenções que acabem
aprofundando a crise devem ser evitadas", disse. "Todas as ações devem
apoiar os esforços do governo do Iraque a superar essa crise."
O Brasil ainda pediu que o novo governo iraquiano "trabalhe
com a sociedade para encontrar uma solução negociada para conciliar as
diferentes perspectivas de todos os atores envolvidos".
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