Rodrigo Constantino -VEJA
O senador petista Humberto Costa, líder do partido no Senado, saiu em defesa
da escolha de Joaquim Levy por Dilma. Seu discurso teve como objetivo
acabar com a “fritura” antecipada dos ministros indicados, especialmente
o diretor do Bradesco, alvo de “fogo amigo” do próprio PT, que se sente
traído. De fato, a escolha pode ser considerada um “estelionato
eleitoral”, levando-se em conta a campanha de Dilma demonizando os
ortodoxos.
Em discurso
no Senado, Humberto Costa disse que Levy tem “competência” reconhecida e
que vai ser o “guardião” do atual modelo de desenvolvimento do país. Os
maiores elogios de Humberto Costa foram para Barbosa, afirmando que ele
possui “excelente jogo de cintura político”. O líder petista disse que
saía em defesa dos nomes para acabar com o “mal-estar” que estavam
tentando disseminar dentro do PT diante das escolhidas da presidente
Dilma Rousseff e para “colocar água na fervura de um processo de
fritura” já em curso.
- Estão
tentando disseminar ambiente de mal-estar entre eles e o PT. A
presidente Dilma é responsável, ela tem compromisso com a estabilidade
econômica no Brasil. De forma que conhecedor de tantas competências do
Joaquim Levy, estamos todos confiantes da forma que ele comandará o
Ministério da Fazenda e os rumos da economia. Que não morram de véspera
os pessimistas, porque o Levy ainda nem chegou à Fazenda, e será o
guardião do modelo de desenvolvimento que mostrou que dá certo e que é
exitoso. A presidente Dilma jamais abrirá mão de ser ela a condutora da
política de desenvolvimento.
Diante do que foi dito por ninguém menos
do que o líder do PT no Senado, os investidores têm duas opções: fingir
que nada disso foi dito, ou que foi dito apenas para acalmar e enganar
os próprios partidários mais radicais que adorariam preservar Guido
Mantega ou substituí-lo por um Mercadante da vida; ou levar a sério o
alerta de que Dilma não pretende deixar de ser Dilma, e que a escolha de
Levy visa a enganar eles, os investidores.
Não há uma terceira opção razoável, em
minha opinião. O recado do senador não poderia ser mais claro: Dilma
continua dando as cartas, é ela quem manda na política econômica, e Levy
aceitará o cargo para ser o guardião do modelo desenvolvimentista. Ele
mente? Quem está enganando quem? Pois alguém está se iludindo nessa
história, isso é certo.
Ou os petistas serão ludibriados, e Dilma
realmente decidiu dar uma guinada ortodoxa, delegando o controle da
economia a um doutor da Universidade de Chicago, ou então os
investidores empolgados e otimistas serão os trouxas de cair na
“pegadinha da malandra”, acreditando que Dilma realmente acordou para
seus equívocos e desistiu de ser a comandante do leme da economia.
Quem será enganado? Façam suas apostas.
Pela forte alta do Ibovespa e das ações estatais, os investidores
parecem estar confiantes na mudança da presidente. Eu iria com muito
menos sede ao pote, e redobrando a cautela, pois acho mais fácil um
viciado largar o vício do que uma economista arrogante e dogmática
abandonar sua ideologia…
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