Reinaldo Azevedo - VEJA
Com
certo atraso, para não variar, a Petrobras admite o que mundo dos
negócios de todo o planeta já sabia: ela está, sim, sendo investigada
pela SEC (Securities and Exchange Commission), órgão que regula o
mercado de capitais nos EUA. A razão? Os escândalos de corrupção que
vieram à tona com a Operação Lava Jato.
Aliás,
essa não é a única investigação em curso. A empresa também está na mira
de órgão do Departamento de Justiça americano. Quando a notícia veio a
público há pouco mais de uma semana, o que fez a estatal brasileira?
Tentou negar o óbvio. Agora, não dá mais. Aliás, o comando da empresa
negava sistematicamente que houvesse corrupção em suas operações, como
sabemos. Dilma só admitiu a existência da safadeza há modestos 38 dias.
E por que
uma empresa brasileira pode ser investigada por um órgão americano?
Porque ela negocia ações da Bolsa de Nova York, condição essencial de
uma empresa de seu porte e que tem de se financiar no mercado
internacional. Todas as empresas que querem ter essa prerrogativa têm de
se submeter à SEC, que é levada terrivelmente a sério por lá.
Agora a
direção da estatal admite que vai enviar àquele órgão regulador dados de
um auditoria independente encomenda a dois escritórios: o brasileiro
Trench, Rossi e Watanabe e o americano Gibson, Dunn & Crutcher. Há
alguns dias, o comando da Petrobras chegou a negar que a contratação
dessas duas empresas tivesse alguma relação com a investigação da SEC.
Esses dois
escritórios se dizem ainda especialistas em leis anticorrupção, em
especial a FCPA (Foreign Corrupt Practice Act), que pune severamente
empresas estrangeiras que negociam ações nos EUA e praticam corrupção.
Tudo
indica que há gente na Petrobras que ainda não percebeu que a empresa
não pode ser tratada como o quintal da casa-da-mãe-Joana. Já não adianta
tentar tapar o sol com peneira. A questão da corrupção ganhou dinâmica
própria. De resto, não se deve confundir a SEC ou as regras da FCPA com
uma CPI de cartas marcadas no Brasil. A coisa subiu de patamar.
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