Líder do PT no Senado nega propina da Petrobras e diz que abre mão de sigilos bancário, fiscal e telefônico
Em depoimento, ex-diretor da estatal disse que Humberto Costa recebeu R$ 1 milhão para campanha em 2010
Demétrio Weber - O Globo
O líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PE), divulgou nota
na madrugada deste domingo afirmando que abre mão de seu sigilo
bancário, fiscal e telefônico para provar que não recebeu doação de
campanha do esquema de corrupção na Petrobras. Ele negou, classificando
como inconsistente e inverossímel, a acusação de que teria recebido R$ 1
milhão para sua campanha ao Senado, em 2010. A denúncia contra o
senador foi feita à Justiça pelo ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa, como parte do acordo de delação premiada,
segundo reportagem publicada na edição deste domingo do jornal “O
Estado de S. Paulo”.
"Sou defensor da apuração de todas as denúncias que envolvam a
Petrobras ou qualquer outro órgão do governo. Porém, entendo que isso
deve ser feito com o cuidado de não macular a honra e a dignidade de
pessoas idôneas. O fato de o sr. Paulo Roberto estar incluído em um
processo de delação premiada não dá a todas as suas denúncias o condão
de expressar a realidade dos fatos", diz o texto.
A nota destaca que Humberto Costa, que foi ministro da Saúde no
governo Lula, não responde a qualquer ação criminal, civil ou
administrativa por atos realizados em sua vida pública. E informa que o
senador aguardará o pronunciamento da Procuradoria-Geral da República
sobre o teor da denúncia, abrindo mão desde já dos sigilos
constitucionais:
"Aguardo com absoluta tranquilidade o pronunciamento da
Procuradoria-Geral da República sobre o teor de tais afirmações, ocasião
em que serão inteiramente desqualificadas. Quando então, tomarei as
medidas cabíveis. Informo ainda que me coloco inteiramente à disposição
de todos os órgãos de investigação afetos a esse caso para quaisquer
esclarecimentos e, antecipadamente, disponibilizo a abertura dos meus
sigilos bancário, fiscal e telefônico."
O senador chama a atenção para a falta de provas ou detalhes
operacionais relacionados à acusação: "Causa espécie o fato de que ao
afirmar a existência de tal doação, o sr. Paulo Roberto não apresente
qualquer prova, não sabendo dizer a origem do dinheiro, quem fez a
doação, de que maneira e quem teria recebido."
Segundo a reportagem, Paulo Roberto teria dito que o dinheiro
destinado à campanha do senador faria parte da cota de 1% do Partido
Progressista (PP) sobre recursos desviados na Diretoria de
Abastecimento, então controlada pelo partido. Ainda segundo o jornal, o
pedido de doação teria sido feito a Paulo Roberto pelo empresário Márcio
Barbosa Beltrão, que é amigo de infância do senador Costa.
"Conheço e sou amigo de infância do sr. Mário Beltrão, presidente da
Associação das Empresas do Estado de Pernambuco (Assinpra), que também
foi partícipe da mesma luta pela refinaria. Porém, em nenhum momento eu o
pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao sr.
Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010", diz o texto.
O líder do PT conta que conheceu Paulo Roberto Costa em 2004, no
processo de implantação da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, e que a
relação entre ambos "se deu no campo institucional". A nota lembra que
políticos, empresários e representantes de outros segmentos da sociedade
pernambuca participaram do processo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário