Empresa alvo da Lava Jato tem bens bloqueados para pagar funcionários
Iesa Óleo e Gás, que teve
diretor preso na última fase da operação da PF, deve demitir cerca de
mil funcionários após a Petrobrás rescindir contrato com ela
Gabriela Lara - O Estado de S. Paulo
Porto Alegre - A Justiça do Trabalho
determinou o bloqueio de valores em contas bancárias da IESA Óleo e Gás e
da Petrobrás, como forma de garantir o pagamento das verbas rescisórias
de cerca de 1 mil trabalhadores que correm o risco de serem dispensados
da planta da IESA no Polo Naval de Charqueadas, a 60 km de Porto
Alegre.
Semana
passada, após a prisão de um diretore da IESA na operação Lava Jato, a
Petrobrás rescindiu o contrato firmado com a empresa no Rio Grande do
Sul para a produção de módulos de plataformas do pré-sal, no valor de
US$ 800 milhões. Com a notícia, a IESA informou que os colaboradores que
atuavam no projeto em Charqueadas seriam dispensados. Como a companhia
está mergulhada em uma crise financeira - o grupo Inepar, que controla a
IESA, entrou com pedido de recuperação judicial em setembro -,
representantes sindicais protocolaram uma ação junto ao Tribunal
Regional do Trabalho da 4ª Região, para zelar pelos direitos dos
trabalhadores.
De acordo com a decisão da juíza Lila França, titular da Vara
de Trabalho de São Jerônimo, ficarão bloqueados valores até o limite de
R$ 30 milhões, quantia que servirá para pagar os salários e as
indenizações aos funcionários, caso a demissão se concretize. A
magistrada também ordenou o rastreio de veículos em nome das empresas
demandadas, além do sequestro de bens - especialmente os compressores da
Petrobrás existentes no pátio da IESA.
No último sábado, a juíza já havia determinado que a IESA
colocasse em licença remunerada os trabalhadores que pretendia demitir,
sob pena de multa de R$ 100 milhões em caso de descumprimento. De acordo
com a magistrada, a demissão em massa, se ocorresse, deveria ser
negociada coletivamente.
Em nota, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região informou
que a juíza está em contato com o Ministério Público para agendar uma
audiência entre as partes o mais breve possível.
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