Reinaldo Azevedo - VEJA
O
líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), emitiu uma nota em que nega
com veemência ter recebido recursos da quadrilha que operava na
Petrobras. Segundo Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da
estatal, que esta preso, Humberto recebeu R$ 1 milhão para a campanha
eleitoral de 2010. O petista pôs ainda à disposição os seus sigilos
fiscal, telefônico e bancário.
Vamos lá:
se Humberto recebeu ou não dinheiro do esquema gerenciado por Paulo
Roberto, isso, não sei. O que sei é que, nesses casos, pôr sigilos à
disposição não tem a menor importância. O ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras não afirmou que fez uma doação legal para a campanha do agora
senador, né? Dinheiro dessa natureza, como sabemos, costuma ser pago ou
em espécie — moeda sonante mesmo — ou passa por um esquema de lavagem,
ganhando fachada legal.
Segundo
reportagem do Estadão, o dinheiro para a campanha de Humberto foi pedido
ao esquema de Paulo Roberto pelo empresário Mário Barbosa Beltrão,
presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco
(Assimpra). A grana teria saído da cota de 1% do PP. Diz o senador: “Tal
denúncia padece de consistência quando afirma que a suposta doação à
campanha teria sido determinada pelo Partido Progressista (PP) por não
haver qualquer razão que justificasse o apoio financeiro de outro
partido à minha campanha”.
Epa! Aí
não, né? Paulo Roberto e Alberto Youssef já deixaram claro que eles
operavam basicamente para o PP, mas que repassavam, sim, recursos para o
PT. Aliás, segundo o engenheiro, dois pontos percentuais dos três
pontos relativos a contratos com sobrepreço firmados pela Diretoria de
Abastecimento eram enviados ao PT.
É evidente
que Humberto Costa nega a denúncia — nem poderia fazer diferente. Ele
disse também que todas as doações de campanha que recebeu em 2010 foram
registradas e informadas à Justiça Eleitoral. Confirmou ter uma relação
de amizade com o empresário Mário Beltrão, mas acentuou: “Em nenhum
momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar
recursos a Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010”.
Bem, vamos
ver o andamento da investigação. Caberá ao Procurador-Geral da
República, dispondo dos elementos da delação premiada — cujo conteúdo é
ainda desconhecido — oferecer ou não denúncia ao Supremo contra o
senador petista de Pernambuco.
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