Barusco entrega documentos contra Renato Duque
Além de comprometer o
ex-diretor da Petrobras indicado pelo PT, ex-gerente confirmou a
participação do operador Shinko Nakandakari, também ligado ao partido, e
disse que gastou 'apenas' US$ 1,5 milhão do dinheiro desviado
Daniel Haidar - VEJA
O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco Filho entregou documentos que comprometem o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, libertado
por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira. As
provas foram oferecidas no acordo de delação premiada fechado com o
Ministério Público Federal e a Polícia Federal, em que ele admitiu ter
participado do esquema de corrupção e passou a colaborar com as
investigações em troca de uma punição mais branda da Justiça.
Barusco é o mais recente delator da Operação Lava Jato a identificar
beneficiários do petrolão. Depois de presos, o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto
Youssef passaram a ajudar nas investigações, principalmente apontando
políticos beneficiários do esquema. O empresário Augusto Mendonça Neto e
o lobista Júlio Camargo, ambos do grupo Toyo Setal, se anteciparam a
uma ação da polícia e também conseguiram acordos de delação premiada. Os
executivos descreveram o funcionamento do cartel formado por algumas
das maiores empreiteiras do país e entregaram documentos contra Duque e o
lobista Fernando Soares, o Baiano, apontado como o operador do PMDB na
Diretoria Internacional. Só Mendonça Neto e Camargo descreveram o
pagamento de mais de 60 milhões de dólares em propina para Barusco e
Duque.
Por ter sido subordinado a Duque, indicado pelo então ministro José
Dirceu para o cargo de diretor da estatal, Barusco colaborou
significativamente para apontar provas contra o antigo chefe, mas não
apenas contra ele. Foram mencionados, nos depoimentos da delação
premiada, novos operadores que atuavam como intermediários dos
pagamentos de propina para os executivos da estatal. Barusco confirmou a
participação de Shinko Nakandakari como operador do PT na Diretoria de
Serviços, como apontou Erton Medeiros da Fonseca, presidente da divisão
industrial da Galvão Engenharia. A colaboração de Barusco deve motivar
uma nova leva de prisões desses intermediários, de acordo com
investigadores.
“Barusco presenciou muitos anos de corrupção. Tem muito mais gente envolvida”, afirmou uma fonte que acompanha a investigação.
A insistência da família levou Barusco a se entregar e colaborar. A
esposa chegou a acompanhá-lo em depoimentos ao Ministério Público. Ele
enfrenta um câncer ósseo e tenta escapar da prisão. Já se comprometeu a
devolver 97 milhões de dólares escondidos na Suíça e a devolver outros
6,5 milhões de reais, parte da propina que recebeu em espécie. Barusco
disse que vai provar aos investigadores que gastou “apenas” cerca de 1,5
milhão de dólares do dinheiro desviado da Petrobras.
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