Reinaldo Azevedo - VEJA
Vejam isto.
No dia 4 de março, escrevi um post em que afirmava que Lula era o principal agente sabotador do governo Dilma. Voltei ao ponto no dia 27 de maio.
Leio em
reportagem de Marina Dias, na Folha, que o Babalorixá de Banânia, em
pessoa, estimulou José Múcio Monteiro, o ministro do TCU que é o relator
das contas do governo Dilma, a cobrar explicações sobre as pedaladas
fiscais. Múcio foi líder de Lula na Câmara e depois ministro das
Relações Institucionais. Quando o ministro se manifestou sobre as
manobras contábeis, muita gente estranhou. Houve até quem comentasse que
o ex-conservador, convertido ao lulismo, já estava mudando de barco.
Parece que a coisa não era bem assim.
Sim, é
claro que as pedaladas existiram e que Dilma tem de se explicar. Mais:
pedisse Lula a Múcio ou não que enroscasse com as contas, o ministro
tinha o deve funcional de fazê-lo. Mas que tenha estimulado… Ah, meus
caros, aí é sabotagem da brava mesmo.
Não é a
primeira vez que ele puxa o tapete de Dilma, mas é, sim, a primeira que o
faz por puro sentimento de vingança. Lula comandou a reação dos
petistas ao ajuste fiscal e à terceirização e estimulou as alas
sindicais do partido a votar pelo fim do fator previdenciário. Vá lá:
ainda que estivesse sabotando Dilma, pode-se argumentar que ele estava
tentando recuperar um pouco do espírito do velho petismo.
Nesse caso
da pedalada, é diferente. O PT não ganha nada com isso. A sugestão não
serve de grito de guerra a unir as esquerdas. Então pra quê? Ora, isso
faz parte do esforço de se descolar do governo, procurando circunscrever
as dificuldades de Dilma à sua própria gestão. Segundo informa a Folha,
ao perceber que a questão tomou uma proporção muito maior do que um
simples susto, Lula recuou. Mas o estrago já estava feito.
O Poderoso
Chefão do petismo também estimula a formação de uma frente de esquerda.
Neste sábado, reuniram-se em São Paulo partidários do PT, do PSOL e do
PCdoB e representantes de movimento sociais. Segundo consta, trata-se de
uma tentativa de articular uma reação ao suposto avanço de forças
conservadoras no país. Na prática, é Lula tentando viabilizar a sua
candidatura em 2018, descolado tanto quanto possível Dilma — na
hipótese, claro!, de que ela fique até o fim, coisa na qual muita gente
não aposta.
Ora,
criada tal frente, é claro que um dos alvos acabará sendo o próprio
governo. Eis aí: o criador agora quer matar a sua criatura.
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