O tempo fechou, as contas não
Economistas de Dilma 2 até que jogam bem, mas saem perdendo no primeiro tempo do ajuste fiscal
Vinicius Torres Freire - FSP
OS INVESTIMENTOS do governo federal foram cortados com machadadas
bárbaras até maio; gasta-se menos com servidores. Mas não adianta: o
esforço de arrumação das contas do governo, o dito ajuste fiscal, escoa
pelo ralo aberto pelas maluquices e irresponsabilidades de Dilma 1 e nos
gastos sociais, das contas da Previdência em particular. Sim, as contas
da Previdência, essa que sofre ataques terroristas do Congresso.
É o resumo da ópera do resultado das contas federais em maio, divulgado
ontem. Trata-se de atestado de que o primeira carga de cavalaria do
ajuste fiscal falhou. Não foi por culpa dos economistas de Dilma 2.
No entanto, foram esses economistas que divulgaram um plano fiscal, faz
apenas um mero mês, em que se previa um aumento de receita de mais de 5%
em 2015. A receita está caindo, 3%, neste ano.
Uma previsão tão furada implica o seguinte: 1) Houve politiquice ou
ingenuidade na calibragem da máquina de cuspir números da equipe
econômica; 2) Não é possível aparecer com outra estimativa tão errada;
3) Será preciso aparecer com outra estimativa, aprovar um novo plano de
gastos no Congresso e recauchutar não apenas o plano fiscal, mas criar
um plano econômico de maior fôlego, até para sustentar o ajuste fiscal
de curto prazo.
Desmoralizações sucessivas das cartas de intenções fiscais do governo
vão criar ainda mais problemas e descrédito. Cartas de intenções furadas
fazem parte da triste e ruinosa memória dos anos 1980.
O problema vai ser aparecer com uma meta fiscal mais realista e sugerir,
assim, a ministros "políticos" e ao Congresso doidivanas que há mais
dinheiro para torrar.
GASTO SOCIAL
A despesa com investimento ("obras") caiu 37% de janeiro a maio (na
comparação com janeiro a maio de 2015). O tombo foi de 40,5% no caso das
obras do PAC, deserdado por sua mãe, Dilma Rousseff. Foi um corte de R$
14,3 bilhões. O gasto com pessoal caiu um tico, R$ 1,4 bilhão. O gasto
com subsídios para a energia caiu muito, R$ 2,3 bilhões (a conta
repassada para as tarifas de luz).
Apesar de arruinar mais a atividade econômica, o talho no investimento,
inevitável, não bastou para compensar a alta da despesa social. Sim, a
despesa social cresce, em parte de modo quase vegetativo.
A despesa com a Previdência cresceu R$ 7,7 bilhões. A cobertura do
buraco deixado pelas desonerações sobre a folha (contribuição patronal
ao INSS) levou outros R$ 4,4 bilhões. Também foi pesada a conta da
transferência social de renda pelo avesso, por assim dizer.
Trata-se da graciosa concessão de subsídios a empresas por meio de juros
baratinhos do BNDES. O governo fez dívida cara, mais de meio trilhão de
reais (TRILHÃO, sim) a fim de financiar empresas a juro real quase
zero. A despesa com a diferença de juros pagos e recebidos entra na
conta de subsídios: aumento de R$ 2,9 bilhões no gasto.
E aí foi consumido o dinheiro que não se gastou em obras.
Houve ainda aumento de despesa com seguro-desemprego e com benefícios
para pessoas muito desamparadas (idosos sem renda alguma, incapazes de
trabalhar etc.), mais R$ 1,1 bilhão.
Caíram os gastos discricionários com educação e saúde.
Mas a conta não fecha.
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