sábado, 27 de junho de 2015

Resolução do PT depois de reunião de Falcão com Lula expõe um partido ainda mais atrasado, rancoroso e obtuso. Que bom! Marcha para o abismo!
Reinaldo Azevedo - VEJA
Queridos leitores, fiquem tranquilos. O PT não recobrou o juízo, o que é uma boa notícia. Quanto mais doidos os companheiros, menos enxergam a realidade. Melhor para o Brasil. A Executiva Nacional do partido divulgou nesta quinta uma resolução com 16 pontos.
A redação saiu depois de uma conversa de Rui Falcão, presidente da legenda, com Lula. Para alguns tolinhos que haviam se encantado com autocrítica do companheiro, segundo quem o PT só pensa em poder em emprego, um recado: ele já retirou a crítica. Admitiu ter exagerado. Segundo Falcão, vai atuar para unir o PT e já marcou reunião com a bancada federal do partido.
A resolução aloprada, com seus 16 pontos, foi acertada, nas suas linhas gerais, com o Babalorixá de Banânia. Traz à luz um partido definitivamente sem cura. É uma espécie de samba-do-petista-doido, misturando alhos, bugalhos e outras ervas daninhas.
O texto começa, em tom acusatório, anunciando a existência de uma “ofensiva conservadora”. Bem, ainda que existisse, pergunta-se: na democracia, ela seria menos legítima do que uma “ofensiva progressista”? E, claro, vem uma pancada na “mídia monopolizada” — aquela que o PT quer controlar. O partido só não revela quem exerce o monopólio.
O item 2 do texto precisa de camisa de força. Leiam:
“Tão grave quanto as tentativas de reduzir a maioridade penal, de realizar uma contrarreforma do sistema político-eleitoral e de comprometer o sentido progressista do Plano Nacional de Educação, é a ação ilegal, antidemocrática e seletiva de setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-Jato.”
Como um texto de meras 51 palavras, incluindo preposições, artigos e conectivos começa com a maioridade penal, passa pela reforma política e chega à Lava Jato? É preciso, como diria Dilma, ser um “homo sapiens petista” para entender. Não é para esse formato usual de crânio.
Sim! Há notas involuntárias de humor, como quando se diz que o partido está na vanguarda da luta contra a corrupção. É mero pretexto para atacar a Lava Jato e para fazer a defesa de João Vaccari Neto. Eu também tenho críticas à operação. Como escrevo na minha coluna de hoje da Folha, não são da mesma natureza. O PT teme que Lula seja preso. Eu apenas peço rigor legal.
A pedido de Lula, o PT se diz preocupado com o prejulgamento das empresas nacionais e seus efeitos na economia. Daqui a pouco, os companheiros começam a acusar a Lava Jato pela recessão…
Em meio a alguns elogios a medidas para retomar o crescimento, o partido defende a redução da meta do superávit, pede a imediata reversão da elevação da taxa de juros e resolve investir um tantinho no arranca-rabo de classes, defendendo a taxação das grandes fortunas, das grandes heranças e dos ganhos financeiros.
O auge da abjeção está no item 8. Lá está escrito:
“A Comissão Executiva Nacional reafirma sua reprovação à manobra antidemocrática perpetrada por excursionistas brasileiros na Venezuela, frustrada na tentativa de acuar o governo do Presidente Nicolás Maduro e de implicar a diplomacia brasileira, sempre obediente aos princípios da autodeterminação, não-intervenção e defesa da paz e da resolução de conflitos através do diálogo e da negociação.”
Que fique claro! Uma comissão de parlamentares brasileiros visitou a Venezuela, com prévio aviso e com a promessa daquele governo de que sua segurança seria garantida. Foram expostos à fúria de milicianos fascistoides, tiverem obstado o seu caminho e foram oficialmente hostilizados pelo governo.
O PT reitera, no entanto, seu apoio a uma ditadura homicida e liberticida, que agrediu não senadores de oposição, mas senadores do Brasil.
Vamos aplaudir a resolução petista (íntegra aqui, no site do partido). Enquanto forem essas as escolhas dos companheiros, podemos nos sentir mais seguros. Eles marcham para o abismo, e o país para um futuro melhor.

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