PSOE em crise não é caso único entre socialistas
Leonídio Paulo Ferreira - DN
Olhe-se
para o número de eleitos e o PSOE parece um sólido segundo partido
espanhol, apesar da derrota histórica. Com 90 deputados contra 69 do
Podemos aparenta também manter a clara liderança da esquerda. Mas quando
se toma atenção aos votos, os socialistas não estão assim tão distantes
do partido nascido da contestação à crise: tiveram 5,5 milhões, o
Podemos também passou a fasquia dos cinco milhões. E sobretudo a
esquerda radical conseguiu bater os socialistas em Madrid, Catalunha e
Comunidade Valenciana, o que significa que o seu discurso penetrou nas
elites progressistas das três maiores cidades espanholas e faz pairar a
ameaça de uma repetição do fenómeno Syriza. Pedro Sánchez,
secretário--geral do PSOE, sabe bem que em seis anos a esquerda radical
grega foi capaz de inverter totalmente a posição com os socialistas,
passando de 5% em 2009 para 36% dos votos este ano (o PASOK fez o
caminho contrário). Por isso, serão calculistas as próximas
movimentações tanto de Sánchez como de Pablo Iglesias, com o estratega
do Podemos a poder arriscar mais. Ambos percebem estar mais em jogo do
que o futuro governo e que a hierarquia dentro da esquerda espanhola
surge hoje em aberto. Contra o PSOE joga ainda a estranha crise dos
socialistas europeus, que tiveram um ano horrível, com derrotas nas
legislativas britânicas e há dias nas regionais francesas. Só
conseguiram triunfar nas regionais italianas, mesmo assim parciais. E
até na Dinamarca, onde foram mais votados, perderam o governo por causa
da quebra dos aliados. O contrário do que aconteceu ao PS português,
que, embora perdedor, no fim de contas não só chegou ao governo como com
os seus 32% ostenta o melhor resultado do ano entre os socialistas
europeus.
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