terça-feira, 22 de dezembro de 2015

PSOE em crise não é caso único entre socialistas
Leonídio Paulo Ferreira - DN
Olhe-se para o número de eleitos e o PSOE parece um sólido segundo partido espanhol, apesar da derrota histórica. Com 90 deputados contra 69 do Podemos aparenta também manter a clara liderança da esquerda. Mas quando se toma atenção aos votos, os socialistas não estão assim tão distantes do partido nascido da contestação à crise: tiveram 5,5 milhões, o Podemos também passou a fasquia dos cinco milhões. E sobretudo a esquerda radical conseguiu bater os socialistas em Madrid, Catalunha e Comunidade Valenciana, o que significa que o seu discurso penetrou nas elites progressistas das três maiores cidades espanholas e faz pairar a ameaça de uma repetição do fenómeno Syriza. Pedro Sánchez, secretário--geral do PSOE, sabe bem que em seis anos a esquerda radical grega foi capaz de inverter totalmente a posição com os socialistas, passando de 5% em 2009 para 36% dos votos este ano (o PASOK fez o caminho contrário). Por isso, serão calculistas as próximas movimentações tanto de Sánchez como de Pablo Iglesias, com o estratega do Podemos a poder arriscar mais. Ambos percebem estar mais em jogo do que o futuro governo e que a hierarquia dentro da esquerda espanhola surge hoje em aberto. Contra o PSOE joga ainda a estranha crise dos socialistas europeus, que tiveram um ano horrível, com derrotas nas legislativas britânicas e há dias nas regionais francesas. Só conseguiram triunfar nas regionais italianas, mesmo assim parciais. E até na Dinamarca, onde foram mais votados, perderam o governo por causa da quebra dos aliados. O contrário do que aconteceu ao PS português, que, embora perdedor, no fim de contas não só chegou ao governo como com os seus 32% ostenta o melhor resultado do ano entre os socialistas europeus.

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