Sob pressão, governo protela decisão sobre salvaguardas trabalhistas
DANIEL CARVALHO/GUSTAVO URIBE - FSP
Sob pressão do empresariado, o governo protelou a decisão de apresentar
ou não salvaguardas para trabalhadores depois que o presidente Michel
Temer sancionou projeto de lei que regulamenta a terceirização no país, na sexta-feira (31).
Segundo a Folha apurou, cresce no governo a possibilidade de não
editar mais uma Medida Provisória para incluir medidas de proteção para
os trabalhadores afetados pela terceirização.
Em reunião no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (3), integrantes
do governo ponderaram que o texto aprovado pode causar uma onda de
"pejotização", o que teria impacto na arrecadação do governo.
Deputados governistas que votaram a favor do texto na Câmara, no
entanto, consideraram no encontro que era preciso esperar algum tempo
para ver os efeitos práticos do texto aprovado por Temer.
Se realmente a Medida Provisória for descartada, o governo tem ainda duas alternativas para suavizar a lei agora em vigor.
Uma delas é um projeto mais brando que tramita no Senado. A outra é
abrandar a nova lei incluindo pontos do texto do Senado no parecer da
reforma trabalhista, que está em uma comissão especial na Câmara.
O relator da reforma, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), disse estar à
disposição do governo para incluir as salvaguardas em seu texto, mas
afirmou não ter sido procurado por nenhum emissário do Planalto desde a
sanção do projeto de lei.
Para alguns auxiliares do governo no Congresso, tratar de terceirização
na reforma trabalhista pode atrapalhar o seguimento de um tema que já é
polêmico.
A equipe econômica deseja incluir pontos como a garantia aos
terceirizados dos mesmos serviços de alimentação, transporte e
atendimento médico dos contratados diretamente e restrições para evitar
que as empresas demitam seus funcionários e os recontratem na sequência
como terceirizados.
Ela também quer prever a obrigatoriedade de a "empresa-mãe" fiscalizar
se a terceirizadora está cumprindo suas obrigações trabalhistas e
previdenciárias. Esse ponto é considerado essencial para evitar queda na
arrecadação da Previdência, uma das maiores preocupações do Planalto
com a terceirização.
Pela proposta aprovada, por exemplo, a prestadora de serviços não
precisa oferecer o benefício a seus funcionários, mesmo que exerçam o
mesmo cargo. A salvaguarda que deve ser incluída, no entanto, equipara
os benefícios.
A inclusão das mudanças tem como objetivo, além de evitar que o governo
seja acusado de promover a precarização do mercado de trabalho, evitar
problemas jurídicos pela falta de uma regulamentação mais completa da
chamada "pejotização", o que não é feito pelo texto sancionado.
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