quarta-feira, 28 de junho de 2017

A temperatura da CCJ: aliados não declaram voto contra denúncia
O GLOBO procurou os 66 titulares da comissão que vai analisar acusação; só quatro defenderam Temer
Catarina Alencastro, Cristiane Jungblut, Eduardo Barretto, Leticia Fernandes e Maria Lima - O Globo
Apesar da tentativa do presidente Michel Temer de demonstrar ter amplo apoio político, colocando algumas dezenas de parlamentares a seu lado durante o pronunciamento, os parlamentares da base aliada estão evitando se posicionar publicamente em defesa do presidente. No calor da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), O GLOBO procurou os 66 deputados titulares da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e, deles, apenas quatro se dispuseram a defender abertamente a rejeição da denúncia. A comissão irá deliberar sobre a admissibilidade e constitucionalidade da peça elaborada por Rodrigo Janot e é a primeira etapa da tramitação na Câmara.A oposição, por sua vez, já conta com 13 votos favoráveis à abertura da investigação. A grande maioria dos ouvidos, no entanto, não respondeu ou se mostrou indecisa, argumentando que precisa de mais informações sobre as provas ou de posicionamento do partido.
— Votarei como o partido decidir — disse Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).
— Preciso ver a denúncia e a defesa do presidente Temer para decidir. A defesa é direito de todo réu. É preciso provar os fatos. O objeto do crime tem que estar cristalizado. Por outro lado, o país vai pagar um preço muito grande. As coisas estavam começando a melhorar — disse o deputado Danilo Forte (PSB-PI), considerado governista e que pode ser substituído na CCJ pelo PSB, se decidir votar contra a denúncia no STF.
Até entre os parlamentares do PMDB, partido de Temer, quatro dos ouvidos se negaram a sair em sua defesa e não quiseram responder se votariam a favor ou contra a admissibilidade da denúncia na CCJ. 
SÓ MALUF DEFENDE EM PLENÁRIO
Dos 13 deputados que se manifestaram abertamente a favor da autorização para que o STF processe Temer por crime de corrupção passiva, um deputado é de partido da base, o tucano Fábio Souza (PSDB-GO).
— Pelo que já li da denúncia, considero bastante grave, está bem embasada, e atende aos critérios de admissibilidade na CCJ — disse Fábio Souza.
Nesta terça-feira, na primeira sessão da CCJ após a apresentação da denúncia, o clima esquentou. Houve discursos pedindo a renúncia de Michel Temer e criticando a troca de parlamentares prometida pelos governistas. Dos presentes, apenas o deputado Paulo Maluf (PP-SP) fez uma defesa indireta de Temer, afirmando que é preciso esperar a eleição de 2018.
Já o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse à oposição que encomendou um parecer à Secretaria-Geral da Mesa sobre o rito a ser adotado com o recebimento da denúncia. Segundo o deputado Júlio Delgado, Maia disse que, em princípio, não seria possível juntar as denúncias se houver um intervalo muito grande entre a apresentação da primeira e das demais. Mas que isso ainda será analisado. Maia resiste ao pedido da oposição de realizar uma sessão domingo para votar a denúncia apresentada por Janot.
Aliados dizem que o certo é que será um único relator para as várias denúncias, mesmo se o apensamento não for possível juridicamente. Janot deve apresentar ao menos mais uma denúncia. O presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), disse que a tendência é que seja um único relator.
— A princípio, terão que ser discussões separadas para cada uma, se houver mais de uma denúncia. Mas pode sim ser um único relator. Vai depender do teor das denúncias, se há conexão entre os fatos — disse Pacheco.

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