Novo diretor da PF vai trocar todo o comando da instituição
Ex-candidato a deputado pelo PMDB deve ser o nomeado vice-diretor
Jailton de Carvalho - O Globo
Um dia depois de nomeado diretor da Polícia Federal pelo presidente Michel Temer, o delegado Fernando Segóvia decidiu trocar todo o comando da instituição. A nomeação de Fernando Segóvia para o comando da PF foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União. Ele já assumiu o posto, apesar da posse estar marcada apenas para o dia 20 de novembro.
Segundo um interlocutor do diretor-geral, o delegado Sandro Avelar
deverá ser o vice-diretor, o segundo cargo mais importante na hierarquia
da polícia. Ex-presidente da Associação Nacional dos Delegados da
Polícia Federal (ADPF), Avelar foi secretário de Segurança na gestão do
ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) e, mais recente,
presidiu a Comissão Nacional de Segurança nos Portos e Terminais de
Navegação (Conportos). (LEIA MAIS: Sergóvia era o candidato defendido por políticos)
Nas
eleições de 2014, ele se candidatou a deputado federal pelo PMDB, mas
não se elegeu. Com 21.888 votos, o delegado ficou em 19º lugar na
disputa por uma das oito vagas reservadas na Câmara para o Distrito
Federal. Na manhã desta quinta-feira, ele chegou a participar de uma
reunião com Segóvia e o ex-diretor Leandro Daiello. Segóvia também teria
escolhido o delgado Cláudio Gomes,e x- corregedor-geral, para comandar a
diretoria de Inteligência. A diretoria de Combate ao Crime Organizado
deverá ser ocupada por um delegado que hoje trabalha na PF do Espírito
Santo.
Segóvia
começou a montar a equipe às pressas. Segundo um interlocutor, ele
esperava ser escolhido como diretor da PF, mas não sabia que a indicação
ocorreria esta semana. A indicação do novo diretor foi anunciada na quarta-feira
e nesta quinta a portaria de nomeaçãofoi publicada no Diário Oficial da
União. Segóvia se reuniu com Daiello e o vice-diretor Rogério Galloro
para iniciar imediatamente a transição. Eles fizeram uma teleconferência
com os 27 superintendentes para, em tom amistoso, anunciarem as
mudanças.
O novo diretor teria tentado demonstrar que a troca de comando não
implicará em ruptura com a gestão de Daiello, que estava no cargo desde
2011. Na noite anterior, logo depois de receber o convite formal de
Temer para chefiar a PF, Segóvia tratou de se reunir como dirigentes da
Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) e de outras
entidades sindicais da polícia.
Sergóvia era o candidato defendido por políticos para
ocupar o posto de Daiello, que está no cargo desde 2011, o primeiro ano
de governo de Dilma Rousseff. Entre os políticos que lideraram a
campanha para Segóvia estão o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu
Padilha, e Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União
(TCU), ambos delatados na Operação Lava-Jato. Durante a campanha, o
delegado também recebeu o apoio do subchefe de assuntos jurídicos da
pasta, e um dos principais conselheiros do presidente, Gustavo Rocha.
O candidato apoiado por Daiello era é diretor-executivo da corporação
Rogério Galloro. O nome dele chegou até a mesa do presidente Temer, mas
enfrentou forte resistência da classe política que apoiava Segóvia.
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