Ricardo Noblat - O Globo
A destituição do senador Tasso Jereissati (CE) da presidência temporária do PSDB faz parte da resistência da Velha Política a ceder lugar à Nova.
Sem condições morais para presidir o PSDB, o senador Aécio Neves (MG) pôs e tirou Jereissati do comando do partido. Jereissati quer distância do governo. Aécio precisa que o governo o proteja.
O único culpado pela crise do PSDB é o PSDB. Foi leniente com Aécio, gravado pedindo R$ 2,5 milhões ao empresário Joesley Batista, afastado do mandato e posto em prisão domiciliar.
A Polícia Federal ganhou um novo diretor. O que saiu, por pressão e cansaço, era afinado com a Lava Jato. O que entrou é afinado com o PMDB de Michel Temer e com o ministro Gilmar Mendes.
O Supremo Tribunal Federal (STF) submeteu-se ao Congresso. Abriu mão do poder de aplicar medidas cautelares a políticos sem o consentimento deles. Aberta porteira, passará uma manada.
Ao que tudo indica, o STF está pronto a revogar sua própria decisão que permite o cumprimento imediato de pena depois de condenação em segunda instância. Haverá uma legião de agradecidos.
Depois de mais de dois anos de pregação contra os “golpistas”, Lula anunciou que os perdoa. O PT alagoano logo se apressou a oferecer apoio à reeleição do senador Renan Calheiros (PMDB).
Em cinco ou seis Estados, PT e PMDB negociam acordos para disputar as eleições de 2018. O discurso do “golpe” entrou pela perna do pinto e saiu pela perna do pato. Dilma engoliu a seco.
Temer moveu meio mundo, sobreviveu a duas denúncias por corrupção e ficou. Fica, com pouca ou quase força alguma para fazer mais nada.
Adeus reforma da Previdência! Em breve, a reforma do ministério, a ser provocada pela saída do PSDB do governo, abrirá espaço para a entrada de novos e piores nomes dos partidos mais fisiológicos.
A Velha Política esperneia na maca. E a Nova está sendo sufocada para não nascer.
Senador Aécio Neves (Foto: O Globo)
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